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quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Ald´rvias RS 13 e 14



Aldrávia RS 13



poesia
do
poeta:

verbo
e

carne









Aldrávia RS 14


poesia:
da

emoção
o
conjugar,

sintonia...





Do amor,


                                  
                                      


 Do amor, ainda que tudo soubesse nada saberia, pois que de ti não sei....



                                        

Por dentro: o que mata! (EC)

 Por dentro: o que mata! (EC)

Sem ti era louca, inexata,
Seguia sem rumo, dor que destrata,
Ser nada, ser sal que a face maltrata,
 


Mas o tempo do abismo resgata,
A dor que outrora feriu, hoje é paz que acata,
A mulher foi de sangue, de amor, de emoção que maltrata,
 

Insensata?
 
Composta de linha e papel, sem forma exata,
Seca de sentimentos, coração de vira-lata,
Traduzir: de ontem a sucata, hoje, mulher de lata!


 

 

*****

Este texto faz parte do Exercício Criativo - A Mulher de Lata
Saiba mais, conheça os outros textos:

http://encantodasletras.50webs.com/mulherdelata.htm

terça-feira, 23 de outubro de 2012

Eu e as minhas palavras...

Eu e as palavras...

 
Minhas palavras falam por mim (às vezes até gritam). Chegam para revelar o íntimo do meu pensar e expressam melhor do que eu o que vai ao pensamento, as idéias, emoções.

            Quando crio evoco os mais diversos sentimentos, afetos e desafetos, amores e dissabores, alegrias e dores, aflições, medos rancores, paixões, saudades, desejos e solidão.

sexta-feira, 19 de outubro de 2012

http://www.anezinha.recantodasletras.com.br/   Venha conhecer meu Tear de palavras....




 Ser poeta?

Poeta? Não sei se é um querer,
Sei, já nasci com alma assim,
Meio lírico e meio sem saber,
Fazia poemas curtos, só para mim...

Fiz desenhos de moda, rabisquei,
Compunha trovas em sonhos, fantasia,
Meu universo era distinto, isso sei,
Em mim, um mar de acordes, melodia...

Idéias soltas, vagas, ao léu escrevia,
Mas logo um som vinha brotando,
Uma linha, uma rima se desenhando
E lá ia eu viajando, fazendo poesia.

Hoje, brinco com letras, palavras, formas
De quase tudo um pouco eu me atrevo
Vem sempre de mim, sem regras ou normas
Sem sentir, perceber, um verso escrevo...

Sou poeta? Não sei, sei que assim nasci
Um coração pulsante, um ser viajante,
Distraída, esquecida, desatenta, navegante
Uma certa poetisa vez ou outra pousa aqui...

 Se sou poeta? De fato, não sei, quem sabe, talvez...
Sei que me encantam, luas que nem sei contar,
Se ser poeta é esse caminho torto, seco de avidez,
Então sim, sou alguém que esboça pelo verso o olhar.


POE de 03/11/10, mote: Por que você quer ser poeta?
Laboratório de Criações Coletivas - RL



http://www.recantodasletras.com.br/poesias/2595412

Poeta, meu poeta camarada....

Poeta, meu poeta camarada....
 
                                     
            O biógrafo de Vinicius, José Castello, autor do excelente livro "Vinicius de Moraes: o Poeta da Paixão - uma biografia" nos diz que o poeta foi um homem que viveu para se ultrapassar e para se desmentir. Para se entregar totalmente e fugir, depois, em definitivo. Para jogar, enfim, com as ilusões e com a credulidade, por saber que a vida nada mais é que uma forma encarnada de ficção. Foi, antes de tudo, um apaixonado — e a paixão, sabemos desde os gregos, é o terreno do indomável. Daí porque fazer sua biografia era obra ingrata.

            Dele disse Carlos Drummond de Andrade: "Vinicius é o único poeta brasileiro que ousou viver sob o signo da paixão. Quer dizer, da poesia em estado natural".  "Eu queria ter sido Vinicius de Moraes". Otto Lara Resende assim o definiu: "Manuel Bandeira viveu e morreu com as raízes enterradas no Recife. João Cabral continua ligado à cana-de-açúcar. Drummond nunca deixou de ser mineiro. Vinicius é um poeta em paz com a sua cidade, o Rio. É o único poeta carioca". Mas ele dizia nada mais ser que "um labirinto em busca de uma saída".

            O que torna Vinicius um grande poeta é a percepção do lado obscuro do homem. E a coragem de enfrentá-lo. Parte, desde o princípio, dos temas fundamentais: o mistério, a paixão e a morte. Quando deixa a poesia em segundo plano para se tornar show-man da MPB, para viver nove casamentos, para atravessar a vida viajando, Vinicius está exercendo, mais que nunca, o poder que Drummond descreve, sem conseguir dissimular sua imensa inveja: "Foi o único de nós que teve a vida de poeta".(extraído do site Releituras).

 


        Hoje se vivo fosse o Poetinha faria 99 anos. Sobre ele , muito já se falou, escreveu, cantou. E nunca será o suficiente.No mundo das Letras, da escrita e da poesia se fez imortal. É imortal em nossos corações!
Esta é uma pequena homenagem a um homem que soube expressar em poesia sua própria vida!







"São demais os perigos desta vida
Pra quem tem paixão principalmente
Quando uma lua chega de repente
E se deixa no céu, como esquecida
E se ao luar que atua desvairado
Vem se unir uma música qualquer
Aí então é preciso ter cuidado
Porque deve andar perto uma mulher..."


 



Soneto de aniversário

Vinicius de Moraes


Passem-se dias, horas, meses, anos
Amadureçam as ilusões da vida
Prossiga ela sempre dividida
Entre compensações e desenganos.

Faça-se a carne mais envilecida
Diminuam os bens, cresçam os danos
Vença o ideal de andar caminhos planos
Melhor que levar tudo de vencida.

Queira-se antes ventura que aventura
À medida que a têmpora embranquece
E fica tenra a fibra que era dura.

E eu te direi: amiga minha, esquece...
Que grande é este amor meu de criatura
Que vê envelhecer e não envelhece.

(Rio, 1942)


Texto extraído da antologia "Vinicius de Moraes - Poesia completa e prosa", Editora Nova Aguilar - Rio de Janeiro, 1998, pág. 451.
 
                             

                    Mensagem à Poesia - Vinicius de Moraes


Não posso
Não é possível
Digam-lhe que é totalmente impossível
Agora não pode ser
É impossível
Não posso.
Digam-lhe que estou tristíssimo, mas não posso ir esta noite ao seu encontro.

Contem-lhe que há milhões de corpos a enterrar
Muitas cidades a reerguer, muita pobreza pelo mundo.
Contem-lhe que há uma criança chorando em alguma parte do mundo
E as mulheres estão ficando loucas, e há legiões delas carpindo
A saudade de seus homens; contem-lhe que há um vácuo
Nos olhos dos párias, e sua magreza é extrema; contem-lhe
Que a vergonha, a desonra, o suicídio rondam os lares, e é preciso
reconquistar a vida
Façam-lhe ver que é preciso eu estar alerta, voltado para todos os caminhos
Pronto a socorrer, a amar, a mentir, a morrer se for preciso.
Ponderem-lhe, com cuidado – não a magoem... – que se não vou
Não é porque não queira: ela sabe; é porque há um herói num cárcere
Há um lavrador que foi agredido, há um poça de sangue numa praça.
Contem-lhe, bem em segredo, que eu devo estar prestes, que meus
Ombros não se devem curvar, que meus olhos não se devem
Deixar intimidar, que eu levo nas costas a desgraça dos homens
E não é o momento de parar agora; digam-lhe, no entanto
Que sofro muito, mas não posso mostrar meu sofrimento
Aos homens perplexos; digam-lhe que me foi dada
A terrível participação, e que possivelmente
Deverei enganar, fingir, falar com palavras alheias
Porque sei que há, longínqua, a claridade de uma aurora.
Se ela não compreender, oh procurem convencê-la
Desse invencível dever que é o meu; mas digam-lhe
Que, no fundo, tudo o que estou dando é dela, e que me
Dói ter de despojá-la assim, neste poema; que por outro lado
Não devo usá-la em seu mistério: a hora é de esclarecimento
Nem debruçar-me sobre mim quando a meu lado
Há fome e mentira; e um pranto de criança sozinha numa estrada
Junto a um cadáver de mãe: digam-lhe que há
Um náufrago no meio do oceano, um tirano no poder, um homem
Arrependido; digam-lhe que há uma casa vazia
Com um relógio batendo horas; digam-lhe que há um grande
Aumento de abismos na terra, há súplicas, há vociferações
Há fantasmas que me visitam de noite
E que me cumpre receber, contem a ela da minha certeza
No amanhã
Que sinto um sorriso no rosto invisível da noite
Vivo em tensão ante a expectativa do milagre; por isso
Peçam-lhe que tenha paciência, que não me chame agora
Com a sua voz de sombra; que não me faça sentir covarde
De ter de abandoná-la neste instante, em sua imensurável
Solidão, peçam-lhe, oh peçam-lhe que se cale
Por um momento, que não me chame
Porque não posso ir
Não posso ir
Não posso.

Mas não a traí. Em meu coração
Vive a sua imagem pertencida, e nada direi que possa
Envergonhá-la. A minha ausência.
É também um sortilégio
Do seu amor por mim. Vivo do desejo de revê-la
Num mundo em paz. Minha paixão de homem
Resta comigo; minha solidão resta comigo; minha
Loucura resta comigo. Talvez eu deva
Morrer sem vê-Ia mais, sem sentir mais
O gosto de suas lágrimas, olhá-la correr
Livre e nua nas praias e nos céus
E nas ruas da minha insônia. Digam-lhe que é esse
O meu martírio; que às vezes
Pesa-me sobre a cabeça o tampo da eternidade e as poderosas
Forças da tragédia abastecem-se sobre mim, e me impelem para a treva
Mas que eu devo resistir, que é preciso...
Mas que a amo com toda a pureza da minha passada adolescência
Com toda a violência das antigas horas de contemplação extática
Num amor cheio de renúncia. Oh, peçam a ela
Que me perdoe, ao seu triste e inconstante amigo
A quem foi dado se perder de amor pelo seu semelhante
A quem foi dado se perder de amor por uma pequena casa
Por um jardim de frente, por uma menininha de vermelho
A quem foi dado se perder de amor pelo direito
De todos terem um pequena casa, um jardim de frente
E uma menininha de vermelho; e se perdendo
Ser-lhe doce perder-se...
Por isso convençam a ela, expliquem-lhe que é terrível
Peçam-lhe de joelhos que não me esqueça, que me ame
Que me espere, porque sou seu, apenas seu; mas que agora
É mais forte do que eu, não posso ir
Não é possível
Me é totalmente impossível
Não pode ser não
É impossível
Não posso.


Vinicius de Moraes, o verdadeiro poeta brasileiro, tenta resistir à poesia. O poema acima foi extraído do livro "Antologia Poética", Editora do Autor - Rio de Janeiro, 1960, pág. 160.


               






                                  

Ser POETA, e gestar POESIA

Ser POETA, e gestar POESIA



Costumo dizer que Poesia não se faz simplesmente, ela é pelo poeta concebida. O poeta tem a graça de gerá-la, ela de se fazer dele fruto, os leitores, apreciadores, intérpretes o prazer de sentir, se alegrar, extasiar.

Conceber POESIA: Viajar ao inusitado e indecifrável de cada um, e trazer ao retorno, versos...

POESIA! A voz da alma!

 

POESIA: Traduzir em versos e rima o que o coração quer exprimir. Dar vida a Alma! Materializar em verso sentimentos!


POESIA: Contar através dos versos, o que o coração pressente. A fala mais completa e perfeita do indizível da alma humana!

 

Ser POETA é ter olhos ternos de mundo, avessos a escuridão, mergulhar no que é essência e emergir palavras a luzir!

POETAS: Tradutores, porta-vozes de alegrias ou tristezas, seres que encontram a forma exata da expressão quando algo ou um sentimento precisa ser dito, exposto.

POETAS donos das palavras, ditas, escritas, cantadas, versejadas, proseadas, com rimas ou não,metrificadas ou não, falam a cada um de nós, e nos emocionam, abalam, engrandecem, fazendo-nos refletir.

POETA: Artista das comoções, escultor das palavras, mágico da criação, pintor de delírios e desejos, operário das letras, sensível formatador de idéias, moldando invisíveis afetos.








Em homenagem ao dia do Poeta!

Em homenagem ao dia do Poeta!

...M
esmo que os cantores sejam falsos como eu

Serão bonitas, não importa
São bonitas as canções
Mesmo miseráveis os poetas
Os seus versos serão bons... (Choro Bandido-Edu Lobo)



 

                                  

Poetrix


Alma de Poeta

Sôfrego flanar
Veia conduz poesia
Composto de canções...


Poeta, seu endereço

Ruas, calçadas, vielas
Beiras do cais
Coração nosso...


Ferido a sangrar

Pobre a mendigar
Insigne viver
Poeta há de encantar...



 

terça-feira, 16 de outubro de 2012

Encontrei num (capítulo) antigo... e perfeito para o tema em algum lugar do meu passado (EC)

        

Encontrei num (capítulo) antigo... e perfeito para o tema em algum lugar do meu passado (EC)



         Não sabia ao certo o que buscava talvez um texto, um poema, um verso que fosse. Folheava algumas velhas obras, tirava o pó, alguma leitura. Insatisfação. Não, de certo não era isso que procurava.
         Mas que idéia. Ao mesmo que boa, difícil, procurar algo no concreto das obras antigas.
         A caixa de papelão em baixo da cama pedia, clamava por ser aberta. Rogava ar.        O intuir avisou. Um pequeno gesto, um esforço, e me via no chão, sentada meio a tantas quinquilharias, livros, papéis antigos, envelopes quase ilegíveis. Eram entulhos, daquilo que o apego material não permitia o desfazimento. Bens materiais e/ou móveis em desuso, defasados, antiquados, obsoletos, inservíveis, antieconômicos. Etc...
         Havia, no entanto num cantinho da caixa, um pequeno livro amarelado, onde se lia “Cem sonetos de amor”, fora um presente. No exato instante do folhear, brotam como que derramando cenas cotidianas, sabores perdidos, aromas seqüestrados pelo tempo.
         Não tinha meio as páginas pétalas e folhas secas, bilhetes em papel prateado das carteiras de cigarros. Não. Não continha poeminhas escritos em lenços de papel com beijos de batom. Não, não havia, não tinham fotos amareladas com dedicatórias, nem letra de música escrita em retalho de revista. Nada disso existia. Houve, no entanto desenhos que desfilaram na retina, reais e honestos nas cores das roupas, do jeans, da pele. Nos olhos abertos passaram incansáveis as noites, dias de paixão, infindáveis declarações de amor, tantos, porém finitos dormir e acordar ouvindo “eu te amo”.
         Um Boom de emoções tornou aquele ambiente com olor de sentimentos embriagadores, ardentes detonados em dias de chuva, instantes irrecuperáveis materialmente, mas conservados, preservados pelo tanto que eles foram. Passaram filmes vistos juntinho, músicas, passeios, cada vivência contida no embolorado daquele pequeno livro. Bolorentas recordações contidas num canto qualquer do passado. E a tarde já se ia, o anoitecer anunciava,é hora de secar essas bobas lágrimas, parar de fitar aquilo que não se vê. Voltar para a caixa cada item, arranjar com uma fita e colocar de volta no mesmo lugar.
         Tudo já respirou. Cada pedaço de papel, folha de livro, expôs suas saudades, mostrou que vivem ainda as memórias, que cumprem suas funções de serem lembranças. Pus então os olhos em direção da janela, já passavam das sete, e percebi que o tempo, engraçado isso, naquelas horas, envolta em tanto pretérito, passou e não passou. Transcorreu no filme da memória, e parecia que o relógio as horas não marcava. Mas a tarde se foi, sorrateira, e nem me avisou. Como que não quisesse me espantar de mim mesma. Como se não pretendesse roubar-me dos devaneios.
         Olhei em volta, era só mais um quarto de guardar coisas, aquelas que prometo a mim mesma sempre selecionar, e desocupar lugares. Prateleiras. Espaços vãos. Jurei para mim que numa outra hora de mais entusiasmo e alegria ali voltaria para faxinar, rasgar, queimar, arrumar. Voltaria quando meus olhos já não chorassem de saudades.    Regressaria quando o apego ao passado, revelado pelos bens materiais fosse dissipado e então eu já fosse mais espiritualista. Retornaria quando quinquilharias sem sentido, como canetas secas, cartões de telefone usados,ingressos de shows e cinema não significassem mais tanto. Daí sim voltaria.
         Tornaria quando não mais restasse aquele aperto no coração e uma indisfarçável tristeza como aquela que eu experimentava naquele momento. Desejava que fosse mais simples menos complicado. Mais uma olhada, fechei a porta. Queria muito que aquele cerrar de porta significasse bem mais que um trancar de aposento. Intentava que denotasse o fechar de memórias, o apagar de sonhos que se perderam. Enclausurar a alma, o coração, para um passado que insiste em morar naquele velho quarto. Teima em viver resoluto e sem tranca, no meu interior.



# Vivência a partir da busca por inspiração, material para o desafio: "Encontrei num livro antigo...”. E agora republicação para o EC “Em algum lugar do meu passado”, este texto foi a primeira memória que me veio, ou melhor, a segunda, a primeira foi digamos Richard.
      Para ilustrar o real dessas memórias, reproduzo aqui na integra um e-mail impresso encontrado entre guardados que considero um dos mais significativos que recebi entre cartas, e-mails, cartões, dedicatórias que compõe parte dessa história. Abro emocionadamente um parêntese revelando um pequeno item da minha intimidade. As data e texto são verídicos, apenas o nome do remetente preservado, trocado por um fictício.



                        

                             
   


De: Richard
Para: rspmf@ig.com.br, suandvalois@bol.com.br, rspmf@hotmail.com
Data: 01/08/2001
Assunto: Minha flor!


       Rosy,

A vida é um processo bonito e tortuoso ao mesmo tempo. Eu e tu caminhamos por diferentes direções até nos encontrarmos; sei que teu caminho foi mais longo, mas creio que o meu foi mais frio. Olhei muito pouco para os lados, perdi a oportunidade de apreciar muitas paisagens belas por auto-cegueira. Com o decorrer do tempo, fixei meu olhar numa única direção. Esqueci que o horizonte se perde à vista.
Andando por um longo tempo desse modo, acabei por me esquecer o que buscava. Entediei-me com a monotonia do mesmo limiar do céu e terra. Parei!Perdi-me em mim mesmo. Passavam por mim muitas coisas e pessoas, a cada uma olhava com a mesma cara de desânimo. Vi-me vazio e só, mesmo estando cercado de tantos outros. Numa leve brisa que soprava apreendi uma intuição, um brilho mínimo na escuridão. Ergui-me mais uma vez e tateando em meio ao breu segui em direção a ela. A cada passo a luminosidade aumentava. Num dado momento pude caminhar pisando firme. Começava a se vislumbrar a direção que havia perdido, meu norte.
Aprendida a lição, ora aqui ora ali, punha meus olhos sobre a paisagem e tentava captar seus olores e cores. Faltava algo ainda no quebra-cabeça do mundo, uma peça-chave para que o todo se fizesse presente, o conjunto mostrasse a figura escondida no jogo. Tentei algumas peças, mas a cada entusiasmo pela solução, seguia-se o infortúnio do erro. A cada percalço, uma lição levava comigo. Seguia minha direção. No ínterim da jornada continuava a sentir a paisagem no que ela me oferecia. E foi em um dia qualquer –agora especial – que meus olhos detiveram-se mais demoradamente num ponto. Parei e observei num átimo o motivo de tal acontecimento – nunca parara assim subitamente para olhar a paisagem. Era uma flor. Como uma tão simples flor pudera me fazer parar? Não sei explicar. Contudo em meio a tantas outras sua especificidade se fez notar: singela e bela. Sua beleza transcendia ao exterior. Penetrava, entranhava na terra. Não entendi como tantos outros tran seuntes naquela estrada não se deixaram ficar por ela... Continuo explorando meu caminho, avanço um pouco mais a cada dia. Porém, no final do labor retorno a ela, ao seu regaço, aos seus lábios. Feliz por tê-la encontrado, por poder estar com ela! Enquanto a distância a que eu chegar permitir, retornarei a ela sempre!...Seu poder não está em conquistar e dominar. Segredou-me o mistério e nisso fez-se o homem do pó: AMOR!...A peça que faltava encontrara. É só com amor que a vida se justifica... Tremi, tive medo. Tolo que fui quase a perdi, dei-lhe mágoas...Sumindo a bruma fria, vejo agora que não há porque temer...No amor o amor suplementa-se,explica-se! Está além do entendimento da razão... Não se metrifica, canta-se em versos livres... O mundo está reconstruindo-se-me através do amor. A flor me trouxe o que não esperava,tirou-me o que não tinha, criou o que não existia, deixou-nos no que vibrava... TU ÉS MINHA FLOR! Te adoro!

                                                                                                                Richard


“Encontro pela vida milhões de corpos; desses milhões posso desejar centenas, mas dessas centenas, amo apenas um. O outro pelo qual estou apaixonado me designa a especialidade do meu desejo”
                                                                                      
                                                           Roland Barthes
 


Aqui termina o e-mail.

Assim abro para vocês leitores e caros parceiros de RE_ Encanto um naco real dessa minha história...  parte de um (saudoso, querido) livro (capítulo) antigo. Que  vive em algum lugar do meu passado...


 

                         


                                  


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Este texto faz parte do Exercício Criativo - Ficou em Algum Lugar do Meu Passado
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http://encantodasletras.50webs.com/ficounopassado.htm

sábado, 28 de julho de 2012

Sobre meus textos e as poucas leituras no Recanto das Letras

    Sobre meus textos e as poucas leituras no Recanto das Letras
    
        Estou no Recanto das Letras desde 13/05/2008.
        Aqui é onde exercito meu lado poeta, meus delírios, minha criatividade. Não o faço por uma ambição de reconhecimento, é muito mais por prazer, mas, como todo artista, adoro ver minha obra admirada, comentada, e quiçá elogiada.
        Por algumas vezes quis sair, encerrar a conta ensaiei participar de outros tantos sites que divulgam a Poesia, de muitos gostei, outros nem tanto, mas fixei-me mesmo aqui.   Parece um porto seguro poético. Uma cachaça.Um vício.
        Quando por alguma razão não venho aqui, sinto falta. Algumas vezes por doença precisei ficar distante e confesso que senti muito.
        Entretanto, andei observando alguns dados, neste meio tempo produzi 2001 textos, entre vários estilos poéticos, tive 52.798 leituras e surpreendentemente alguns textos com zero leitura, outros com uma ou duas e assim vai.
        Já “queixei” a tantos por isso, por essa falta de leitura em detrimento de pessoas que as tem em volume absurdamente exagerado.
Depois decidi relaxar. Hoje entendi republicar meus textos menos lidos, e começo por aqueles que tiveram entre uma e duas leituras.
         A alguns, quem sabe uma “Roupa nova”, mas não mudarei a essência, por isso vou considerar republicações.
        Início com este Tautotrix.






Louca lucidez

Lascivo levitar.
Lúbrico luar

Luxurioso latejar.



23/10/2010







Desalinho- Tautotrix, republicação



Desalinho

Deixar desfalecer
Deitado descansar
Desvario do desejar...




 Em, 21/08/10



                                              

Versejar - tautotrix, republicação

Versejar

Ver, olhar
Vislumbrar
Vivenciar...


 

 
Em, 13/08/10




A ....poesia e eu .....republicação



A poesia e eu...

Quando faço poesia,
É quase como derramar,
Encho a alma de alegria,
E verto de mim um clamar,
E mesmo que tudo não passe de fantasia,
E mesmo que emoção em dor possa transformar,
Sonho que os versos, ainda que tardia,
Dirão do puro sentir, do coração o falar,
Hão de trazer surpresas, além da dor, da elegia.





Em 14 de março de 2012.


Haicai 269 - Republicação

 
                                                                             


Haicai 269

Gotinhas de orvalho
Percorrendo delicadas
Pela folha verde.


Em, 11/11/10



Ser poeta?


                      



 Ser poeta?

Poeta? Não sei se é um querer,
Sei, já nasci com alma assim,
Meio lírico e meio sem saber,
Fazia poemas curtos, só para mim...

Fiz desenhos de moda, rabisquei,
Compunha trovas em sonhos, fantasia,
Meu universo era distinto, isso sei,
Em mim, um mar de acordes, melodia...

Idéias soltas, vagas, ao léu escrevia,
Mas logo um som vinha brotando,
Uma linha, uma rima se desenhando
E lá ia eu viajando, fazendo poesia.

Hoje, brinco com letras, palavras, formas
De quase tudo um pouco eu me atrevo
Vem sempre de mim, sem regras ou normas
Sem sentir, perceber, um verso escrevo...

Sou poeta? Não sei, sei que assim nasci
Um coração pulsante, um ser viajante,
Distraída, esquecida, desatenta, navegante
Uma certa poetisa vez ou outra pousa aqui...

 Se sou poeta? De fato, não sei, quem sabe, talvez...
Sei que me encantam, luas que nem sei contar,
Se ser poeta é esse caminho torto, seco de avidez,
Então sim, sou alguém que esboça pelo verso o olhar.


POE de 03/11/10, mote: Por que você quer ser poeta?

Laboratório de Criações Coletivas – RL



Ler é......

Ler é...


É plena libertação

No tempo fazer escalas
Ler é soltar-se do chão
Viagem sem peso e sem malas.




Inferno Astral - EC

Inferno Astral - EC

Parecendo coisa feita
Faço figa, sinal da cruz, oração
Mas é sempre uma desfeita
Pra murchar o meu tesão!

 

Novenas e ladainhas
Velas e terços mil
Agarro-me nas Santinhas
E cadê? Foi-se! Sumiu!

Rezo pra ter mais saúde
Rezo pra ganhar mais dim dim
Broncas a torto e amiúde
Tem uma nuvenzinha em mim!



Ando só, fazendo festa

Beijo na boca, cadê?
Nem um chamego me resta
Faço nada, faço o quê?

Quero um cheiro, um agrado
Sem broncas, sem confusão
Só me vem fruto estragado
Parece “inté” assombração!

Sai pra lá ave de mau agouro!
Xô perrengue, xô mau olhado!
Que venham sucessos, estouro!
Sai pra lá trem mandingado!



Santo Antônio, São João,
Expedito e Aparecida
Rezo: fora assombração!
Quero proteção desmedida!

Vou continuar rezando,

Assombração? Aparece...
Mas não deixo ficar azarando,
Toma teu rumo, desaparece!

 
 

*****

Este texto faz parte do Exercício Criativo - Quanto Mais Eu Rezo...
Saiba mais, conheça os outros textos:

http://encantodasletras.50webs.com/qtomaiseurezo.htm







Rezo dez Ave-Marias,
o Pai-Nosso inteirinho.
Pra começar bem o dia
Faço prece pro Santinho.

Deus me livre, me proteja
,do feitiço, mau olhado
Vele por mim ? assim seja!
Assim estou bem guardado

Mas na primeira esquina,
encontro meu desafeto.
Será esta a minha sina?
Vazo pra outra, direto!

Sigo feliz meu caminho,
fazendo o sinal da cruz.
- obrigada, meu santinho,
por me mandar esta luz!








Luxuosa participação de Milla Pereira!







Se santo não resolver
 Tome banho de urtiga
Pro marido aparecer
Uma sopa de formiga.

Com arruda temperada
Faz o dito enlouquecer
Use sempre um patuá
Pra mau olhado afastar!

 Peninha de sabiá
Na carteira prá ajudar
O dindin se hospedar!

Participação graciosa de Conceição Gomes


E por falar em trova e trovador.....

E por falar em Trova e Trovador....
 

     Dia 18 de julho, foi dedicado ao trovador, e eu, dado tantos afazeres, deixei passar em branco. Mas venho aqui um dia depois me redimir e trazer minha singela homenagem a esse poeta maravilhoso, que produz trovas!
     Já dizia o querido e inesquecível Jorge Amado: “Não pode haver criação literária mais popular e que mais fale diretamente ao coração do povo do que a trova. É através dela que o povo toma contato com a poesia e por isto mesmo a trova e o trovador são imortais”.
 
     Pois é, a data surge em função do nascimento de Gilson de Castro (RJ), cujo pseudônimo literário é Luiz Otávio e por ele ter, junto a J.G. de Araújo Jorge, começado a estudar e divulgar a quadra mais popular brasileira junto a um seleto grupo de poetas.

 
     Vamos a algumas citações interessantes:

 I - O termo trova, do francês, "trouber" (achar) nos indica que os trovadores devem "achar" o motivo de sua poesia ou de suas canções. Segundo Aurélio Buarque de Holanda, trovador é "na Idade Média, poeta ambulante que cantava seus poemas ao som de instrumentos musicais; menestrel; poeta; vate".

II - Segundo o escritor Jorge Amado: "Não pode haver criação literária mais popular e que mais fale diretamente ao coração do povo do que a Trova. É através dela que o povo toma contato com a poesia e por isto mesmo a Trova e o Trovador são imortais".
Todo Trovador é poeta mas nem todo poeta é trovador. Nem todos os poetas sabem metrificar, fazer o verso medido.
Poeta para ser Poeta precisa saber metrificação, saber contar o verso. Se não souber o que é escansão, ou seja, medir o verso, não é Poeta.
 

      Particularmente, me exercito no mundo encantado das trovas, e trago aqui, em homenagem a data três de minhas trovas, uma, com considerável número de leituras no recanto, outra nem tanto.

Viva a trova e o Trovador!

 

Trovas - Quem bom que as trovas existem I (18/10/08)

 

As trovas são com canção
Trazem alegria ao viver
Trovas são feitas de emoção
Enternecem o nosso ser!

Fazer trovas é revelar
O que vai ao sentimento
Sobre a vida poder falar
Alegria ou sofrimento.

Bom saber que trova existe
Para nossa história contar
Seja ela alegre ou triste
Ao sentir faz registrar!



Que bom que as trovas existem II (27/10/08)

 

Nas trovas muito se escreve
Sobre saudade e solidão
De amores longos ou breves
De loucuras e de
paixão!

Vamos às trovas, porque não?
Da vida fazer poesia
Descrevendo nossa emoção
Desenho em letras, magia!


Trova_dor (24/10/10)


Cato letras pelo rumo
Nascem versos do pensar
Metrificando acho o prumo
Rimando sigo a trovar.

Trovo as cores, a alegria
Trovo o triste, a solidão
Trovo a esperança tardia
Trovo o sim e trovo não.

Com o hoje faço trova
E também com amanhã
Passado foi a melhor prova
Do tempo sou guardiã.

Trovo aqui, trovo acolá
Trovando sigo destino
Trovando onde quer que eu vá.
Fazer trova é meu tino.

Faço trova e vou cantando
Tentando esconder a dor
Ser trovador, até quando?
Até que feneça o amor.

Ainda que finde a paixão
Que acabem as esperanças
Acalmarei o coração
Fazendo trova na andança.

Porque trovador eu sou
Trovas é como respirar
Há verso por onde vou
Um vício, necessitar.

 




Dezembro vindo.....

Daisypath Anniversary tickers
Monarch Butterfly 2

Escrevo para.........

Quando escrevo exorcizo fantasmas, é meio abstração e também minha realidade se despindo.Sou eu me confessando a mi mesma.

Um Poetrix ...verdinho......


Escrevo para....

Escrevo para por no mundo pequenas ânsias, escrevo para aportar desejos aflitos, escrevo para me salvar, é como Jogar as âncoras, o barco ora vai ao sabor das ondas, ora é a deriva....
Escrevo para acariciar as suas almas,e ser tocada por seus olhos impressos de brilho!
escrevo para Gozar,Flutuar, ser e merecer, Escrevo para seus delírios, seu deliciar!
Escrevo para vocês,
Agradeço seus olhos em mim, na minha ruptura poética!
Escrevo!

Muito grata por me sorverem as letras!
A todos que aqui passarem seus olhos, mentes e corações!
Rose

Sobrepondo Sonhos.....