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quinta-feira, 22 de maio de 2008

Sobre olhares, luares e casualidades


Sobre olhares, luares, casualidades,


Há que perpetuar como um olhar que brilha, como um mar no olhar, encher e derramar... Água e sal...

Será petrificar? E ao fechar esse mar tudo se torna a tua imagem, assim com és, incerto, indefinido...

Perder a razão? Mas que razão? Será buscar entre frios e desafios transpor o caminho dos teus olhos e perder-se no mistério incontrolável existente em ti?

Casualmente revelou-se o amor,o que sentiu e o que se mostrou,expôs, escancarou portas, cercas, e arrancou qualquer amarra real ou ilusória e mostrou a ti e ao mundo: Hei de te amar assim em pele e osso, no real e imaginário com todos os sons, coerências e incongruências tão próprias do amor,

Que hei de te amar assim, credo e desafio e assim revelar que entre olhares, casualidades, luares vistos em todos os nortes nasceu aquilo que minou toda a existência e de tão abundante se fez confundir com própria criação.

Ah, em que mares hoje ficas naufragado, nas profundidades inacessíveis aos escafandros, num mergulho onde não há possíveis resgates?Estás lá, eterno guardado, horas preciosidade num pesado baú acorrentado quieto, cheio de segredos, horas numa frágil caixa de madeira onde cordas se movimentam tentando te libertar, mas acho mesmo que estás agora em uma garrafa fechada jogada ao mar, conteúdo secreto, de socorro, revelação, desejos e medos ao encontro de todos e de ninguém, um presente ou uma dor?

Todo um segredo jamais revelado!

sábado, 17 de maio de 2008

Cometendo gentilezas - Roseane Ferreira


Cometendo gentilezas

O verbo é um tanto cinza, quando se comete geralmente são erros, falhas, infrações, habitualmente não se vê cometimento de gentilezas,por exemplo. Em especial homens ,raramente cometem gentilezas.

Eu penso que nós mulheres nos ressentimos disso,absolutamente necessário,sem que se perca o charme, a virilidade, a gentileza vinda de um homem nos faz não suspirar, isso é coisa de menina sonhadora, mas nos faz sentir o conforto que o próprio ato contém, exprime.

Já tive oportunidade de conhecer pessoas, homens capazes de cometer atos de gentileza, e ressalto que independe de qualquer orientação sexual, formação acadêmica ou coisa semelhante,é como se esse atenuante venha do interior de cada um, personalidade, como alguns dizem, a pessoa já nasce assim. Digo que nem se trata de nascer, receber boa orientação familiar mas sim que ultrapassa os limites do estar aqui, do nascer, certamente vem da alma, do nível espiritual, das energias que nos acompanham formado por conduções que damos a nossa própria vida, nossas escolhas.

É a gentileza nos gestos, a mais comum, aquela que se aguarda, meio que gentileza protetora,que muitas vezes se traduz em cuidados, tipo aquele de um homem com uma mulher quando ambos caminhando ela toma o lado da rua, colocando a mulher em condição de proteção durante o caminhar, ou então não somente abre a porta do carro, mas se certifica que vai estar bem fechada e só então toma seu lugar ao volante. E isso pode inferir como secular, milenar, essa atitude de proteção do macho com a fêmea.

Mas a gentileza também é vista, percebida, sentida nas palavras que em certas ocasiões são confortadoras, apaziguadoras de um interior por vezes agitado, aflito. E um olhar gentil? Também conta,olhar que te diz, hei! To do seu lado, te compreendo, não te condeno, apenas te apoio. Nesse caso ,as palavras são dispensáveis.

Tem gentileza de amigos, companheiros, gentileza entre colegas de trabalho, parentes, gentileza entre estranhos, pessoas que sequer se viram algum dia. O mundo, hoje tão corrido e conturbado carece muito de gentilezas, pessoas se agridem, ofende, magoam,

Além de palavras duras, gestos desmedidos de violência, incapacidade de raciocinar em meio a amarguras, aborrecimentos.

Aqui reconheço: A humanidade carece de gentilezas, cometimento de gentilezas de mulheres, homens, seres humanos com essa capacidade, potencial,capazes de tornar mais suave ,menos pesados o conviver no dia a dia, nessa tão complexa ação que é conviver,em todos os sentidos, entre os seres humanos.

Comece seu dia hoje, pensando nisso, olhe ao seu lado,quem está aí? Juntinho a você?

E que tal dar um telefonema?

Mandar um e mail?

Ou ir mais longe, fazer uma visita? Independentemente de quem for, conhecido, desconhecido, seja gentil! Você saberá a maneira certa de ser gentil com aquela pessoa, naquele instante!

sexta-feira, 16 de maio de 2008

Promessas de amor e beijos..... Roseane F.


Promessas de amor e beijos- Por Roseane Ferreira



Sobre lábios, beijos, braços e abraços...



Quero que tu me venhas em beijos, e quero os beijos mais desejados, ardentes, onde não só bocas se encontrem, mas se troquem se descubram longa e demoradamente,

Aproximando,

Descobrindo,

Desvendando,

Quero a própria rendição.



Quero beijos urgentes, que cheguem a derramar,

Quero beijos salivados,

Encharcados,

Indecorosos.



Beijos que ascendam desejos implacáveis,

Que demorem tanto,

Tanto,

Que der repente nosso dia se fez anoitecer.



Quero abraçar e sentir teu abraço,

Abraçar apertando,

Abraçar sentindo,

O cheiro,

O calor,

As ondas de energia que se troca no calor do abraço.



Quero que tu me pares no meio da rua e lá, em meio aos que passam me abraces um abraço tão nosso, tão forte, longo e inteiro que todos recebam, percebam, um tanto do nosso querer mútuo, e prossigam pensando, suspirando...



Quero ao estar contigo ser tua maior atenção,

Teu maior interesse,

Quero na tua cama ser uma extensão de teu corpo,

Ou ser então teu próprio corpo, de tanto estar em ti.



Quero teus delírios,

Lágrimas,

Risos e murmúrios de desejo,

Quero que ao pensar em mim, tu sejas um completo ansiar,

Uma vontade que não se explica e não se contém...



Quero que me queiras sem dia, hora ou local combinado,

E que pra ti eu seja a fonte, o rio, seja a expressão mais exata do teu prazer.



Quero de ti beijos abertos,

Desnudos, despudorados,

Beijos de cronômetro parado,

De línguas ávidas,

Sedentas, desertificadas,

Desprovidas de limites,

Encharcadas...

Dolentes de prazer...



Quero de ti beijos únicos,

Inteiros,

Completos,



Quero de ti beijos em que sinta todas as vibrações do teu corpo,

Beijos que me façam despida em plena multidão,

Beijos na boca e pelos caminhos que nos levarem os beijos...



Quero tua mão sem vergonha, tua mão que avança, invade, investiga,

Sente e faz sentir...



Quero teus dedos tocando. Movendo-se audaciosos,

Dedos que componham no todo peças capazes de fazer delirar.



Quero que tu sejas sem reticências,

Sejas tu sem passar procuração,

Sejas tu inadiável,

De sons audíveis e ininteligíveis na hora do amor,



Quero que nesse querer, te disponhas a descobrir,

Que queiras aprender, ensinar...



Quero que os encontros tornem-se prazeres absolutos,

Onde cada um sinta que é irremediável estar perto.

Quero que tu,

Apenas,

E tão somente,

Só,

E sem reservas,

Me queiras.



Quero...

Um cheirinho de colégio de criança... (Roseane Ferreira)


Cheirinho de Colégio de criança

E mais um dia termina. Lá vou eu de volta para casa sempre atenta e divagando, quando passo em frente a um colégio e observo os pais chegando para buscar seus filhos. A cena – O pai no carro aguardando, a mãe desce e vai ao encontro do seu rebento, um misto de alegria e ansiedade no rosto, no caminhar apressado daquela mãe, sinto então e quem me conhece, já sabe dos meus olores, cheiros que trazem a tona pessoas, lembranças de lugares, situações, enfim, desta feita foi cheirinho de colégio de criança, e não me pergunte como é eu já te traduzo.
Cheiro de colégio de criança é um cheirinho bom de criança, de infância, não aquele cheirinho gostoso dos bebês, é um cheirinho de criança crescida, um misto de chocolate, babaloos, colônia infantil, tinta de canetas coloridas, brincar de pega-pega, cheiro de dever de casa pra fazer, de uniforme pra lavar, de joelho ralado, beijinho roubado, biscoito recheado, essas coisas, todas impressas numa lembrança afável de um tempo alegre, cheiro de criança, de inocência, cheiro de pureza, de puro amor.
Então remeti os pensamentos viajantes a um ser amado. O cheiro de criança que cultivei a lembrança da minha menina, da menininha da minha vida.
Minha menina cresceu tão depressa cresceu por dentro antes de alcançar maior altura, uma idade a mais. Vivemos juntas, entretanto elos inquebrantáveis, construímos um caminhar e partilhamos sempre muito,sempre tudo. Lembrar daquela pequenina de cabelos enrolados, sempre presos, nos laços, marias-chiquinhas, lembrar das lutas diárias para acordar, tomar banho, estudar.
Lembrar das lições rigorosas que só contribuíram para formação positiva de caráter, recordar tanto, recordar tudo dessa época boa que foi a primeira infância.
As aulas serviram para preparar para a vida acadêmica as orientações prepararam para a própria vida. Filhos homenageiam pais, aqui neste vão de lembranças vivas tenho que me alegrar e me alentar da saudade porque a meninha é agora uma grande mulher.
Então sem me desfazer dessas lembranças que incluem passeio a Salvaterra muito mar vento e sol, tirando o tom sépia que traz a tirania da saudade, agasalhando carinhosamente esses momentos, compreendendo a saudade do passado e a do presente, dedico a ela uma pequena homenagem.

A minha menininha predileta! (1) Tássia,

Tens implantado no corpo a coragem e a delicadeza,
Acolhes sempre com maturidade as cruezas que te deparas,
Sábia, enfrentas desafios, apostas na firmeza o teu suceder.
Semblante de menina, garra de mulher, gestos de cidadã.
Impressionas pelas verdades, transpiras sinceridade,
Agigantas a cada dia o teu ser melhor. Assim és menina-mulher.

(2)
Se m lembro da menina, me alegro;
Se me vem a garota curiosa que indaga, respondo;
Se surge a adolescente, me pergunto, e te acho madura;
Quando nasce a moça, me orgulho;
Da mulher, agradeço;
Com a filha, aprendo;
Pelas expectativas e providências me angustio;
Mas pela pessoa que sei que tu és me encho de alegria;
Faço-me mãe, terna e complacente;
Porque te sei como todas as minhas razões, onde obtenho as melhores respostas;
Alguém que sei na minha vida para me fazer feliz e me fazer aprender.

Com amor, Da mamãe...

quarta-feira, 14 de maio de 2008



Esta foi uma homenagem minha para uma amiga que casou recentemente na França, surgiu a vontade de homenagear os noivos então escrevi esse texto.

Para Liane e Serge

Cara Liane, Caro Serge.



Quão importante vai ser o sábado, 19 de abril de 2008 em suas vidas!

Há que marcar uma etapa, um começo, um ciclo, de amor, de compartilhar, de repartir, de união, companheirismo, cumplicidade... Enfim, de acréscimo de vida!

E o amor, o genuíno amor, quando chega para nós só trás acréscimos de vida, amar é por si só uma completude e quando amamos e somos amados, num compasso igual, ritmado e reciprocamente então há a verdadeira contextualização do amor...

O amor pelo amor...

Amor pura essência...

Amor...

Apenas o amor...



Quando soube que concretizariam cerimônia do casamento, fiquei feliz, afinal trata-se de um acontecimento envolto em amor, e amor faz feliz, e há que ser celebrado, festejado, então decidi escrever algo, para vocês...

Espero que gostem.

Um beijo grande!



Amar é uma celebração,

Composta de risos,

Sorrisos iluminados,

Olhos que brilham reflexos interiores,

Abraços que unem corpos e almas...



Já são almas casadas, desde quando se olharam num encontro talvez em Belém, Algodoal, e revelaram-se desejosos um do outro...

Casaram-se talvez quando repletos de emoções, acharam-se abertos e sem reservas, um diante do outro...

Casaram-se quando entenderam que falar línguas diferentes, não era barreira, pois falavam, e a muito apenas com o olhar, e flagraram-se compreendidos apenas nos gestos, conversa entre corpos, trocas espirituais...

Casou o Serge com a Liane quem sabe quando a viu em fotografias, e sentiu que naquela moça sorridente haviam segredos que o envolviam apenas pelo simples observar...

Casou-se a Liane quando encontrou no seu amado uma porta, um querer caminhar impulsivo e incontrolável por dentro daqueles olhos azuis... De um profundo azular, completamente “blue”...

Casaram-se porque casar significa dádivas, enriquecimento,

Casaram-se quando se tornaram uma só carne, apegaram-se, uniram-se, vincularam-se em corpo e alma e agora prometerão...

Prometerão que serão unos, com assim já são... E a maior promessa deve ser a de que viverão para fazerem feliz um ao outro, promover alegrias, insondáveis alegrias um ao outro...

Agora realizarão cerimônia, efetivarão o que já está implícito em cada olhar em cada gesto que trocam cotidianamente....

Celebrem isso sempre!

Mas celebrem diariamente o existir.

Celebrem o existir perfeito e único de cada um!!

E viva então o amor!

Bendita e abençoado seja a união de vocês!

Sei pouco, mas pressinto quando vejo as fotos, os olhares...

E sinceramente me alegro...

Parabéns!

Mil vezes felicidades!

segunda-feira, 12 de maio de 2008

O frecor das tardes - Por Roseane Ferreira

O frescor das tardes

Ontem, saindo do trabalho deparei-me com uma sensação há tempos não sentida ou mesmo não observada. Um certo frescor de fim de tarde. Deixa que eu explique, quis escrever aqui porque tomou-me uma sensação tão boa,agradável, um misto de paz,contentamento que fisicamente fez, fazia muito bem.
Sabe um cheiro bom? Havia acabado de chover, uma chuva rápida e retornou o sol, o céu limpo e uma aragem gostosa que afastava o calor. As vezes parecia praia, noutras campo orvalhado, causava a impressão de férias, viagem, boas companhias. Entretanto era só uma volta rotineira para casa.
Acordei da rotina, do marasmo, da desesperança, do desconsolo, do não entender, do não digerir... E fui saindo de mansinho d toda a tragédia interior que as vezes criamos para nós, certo drama no qual transformamos alguns dissabores, algumas decepções.
Parecia que naquela hora meio que acordava, virava páginas e era trazida a tona... a margem, a segura margem de um breve e efêmero navegar.
Cheguei então em casa calma sem o revirar do estômago com um misto de fome sim, mas fome de viver mais, experimentar novos mares com a certeza de que maremotos, ventanias são para serem ultrapassados e ainda que nos quedem sempre há um acréscimo inusitado de superação de experienciar.
Hoje quando aqui relembro o frescor da tarde de ontem me alcanço renovando, trocando as capas empoeiradas dos velhos sofás, implementando no rosto um sorriso mais que franco aberto e honesto dirigido a mim, a pessoa amorosa e esperançosa que sou. Assim muitas tardes, finais de tarde concretamente virão, e pressinto também que bom mesmo é não deixar escapar os vestígios de alegria, viver cada momento na companhia das pessoas que gostamos deliciosa e calmamente aproveitados, digerido. Sentir e saborear nossa própria companhia, buscar ser sempre um ser que pensa e busca um crescimento.
A tarde fresca da minha cidade, que invadiu meus dias me fez ver que a essência de tudo é baseada, alicerçada no amor permite se abre sem medo para os misteriosos prazeres, alegrias que ele proporciona.
Concluo ressaltando que tudo, tudo que diz respeito a nossa vida para nos fazer feliz, deve ser por inteiro sem reservas assim jamais será motivo de arrependimento. Então quão bom é ter as melhores lembranças, retirar do coração e da memória aquilo que ousou nos entristecer. E seguir viagem, rumo a quem sabe dias inteiros frescos, de céu azul e vento tocando suavemente o rosto, agitando os cabelos!

sábado, 10 de maio de 2008

Duas vezes Ana - de Fabrício Carpinejar

Quando amo, escrevo pelo medo de esquecer o desejo. Quando sofro, escrevo para desejar o esquecimento.

Fabrício Carpinejar

Ana, seu nome curto que me faz repetir duas vezes. Quando estou no escritório e grito: - AnaAna! E nunca tenho o que falar, eu grito para não perdê-la de vista. Várias vezes ao dia. Grito para saber onde está. Para localizá-la pela voz. Virei piada de nosso filho, que me imita ao sair para a escola.

Se me dói a separação momentânea pela própria casa, pode prever o quanto me dói nossa separação pelas ruas. Nossa separação pelas cidades. Nossa separação pelas palavras.

Caminho pelo terraço, as roupas balançam fanáticas no varal, meu rosto é uma laranja-de-umbigo. O sol apareceu depois das goteiras no quarto. Visto o abrigo azul, aquele que usou ontem– é curioso que repartimos os velhos panos do conforto.

Mas não é só isso: eu não sei o que é meu. Não sei realmente o que é mais meu. Éramos um colchão e uma prateleira de tijolos no início. Mais espaço livre do que corpo.

Na adolescência, eu tinha o meu quarto. Definido, imponderável quarto, ao fundo do corredor. Os pôsteres de rock, coleção de Placar e Playboy, roupas de surfista. Obrigava a qualquer um bater para entrar. Conhecia os objetos de cor e o pouso dos lugares. Defendia meu domínio. Hoje não posso nem me defender: porque eu sou tanto seu quanto já fui meu. As chaves têm o peso de minhas unhas. Sou tanto seu que não mais me pertenço. Encharcado de sua memória. Seus pais são meus pais, não canso de repetir sua infância para aumentar a minha.

Com a tempestade desde sexta, o Rio dos Sinos subiu para cinco metros. Eu também passei de minha altura e corro pelas calçadas procurando uma porta aberta.

Ao escutar algo engraçado, penso em você. Pela recompensa de ouvir sua risada. Será assim sempre. No rádio, o locutor errou o nome da peça e disse: "A sutil arte de escoar pelo rabo". Era “ralo”, e você riu quando descrevi a cena e pensou que inventei a história para lhe agradar. Faltou mesmo inventar mais histórias. Economizei sua alegria. Fui avarento.

Eu a observo com reverência. Admiração é para quem pode assinar seu nome. Tudo o que escrevi sobre você foi pouco, são papéis que deixei em minhas roupas e se acumularam nos bolsos de trás das calças depois da lavagem. Papéis picotados, farelos de uma distração incalculável. Sou esse papel que se esmigalha ao toque. Porque ele só existirá de verdade em sua pele.

Os bolsos de trás! Repara nos bolsos frouxos de suas calças jeans. Envelopes presos por um fio. Todos puxados pela minha mania de aquecer os dedos em sua cintura. Nunca dependi de luvas. Estou também descosturado.

Isso não é um texto, Ana, como os outros. É ainda meu grito. Parado no escritório. Ao lado do computador. Na primeira gaveta do lado direito.

AnaAna!

É raro encontrar um amor, mais raro merecê-lo.

sexta-feira, 9 de maio de 2008

Expectando - Por Roseane Ferreira


Vi uma mulher grávida,

Guardando em si todo o seu tempo,

Cuidando,

Esperando,

Preparando a vida...

Estou assim, grávida de tua chegada,

Grávida de te encontrar, aguardando,

Esperando,

Cuidando...

Carregando em mim um desejo crescente, Cheia do desejo de te ver,

Maturando, Aprontando as emoções,

Preparando a alma para quando tu chegares,

Limpando o interior,

Cuidando de nós,

Eu e essa gravidez de desejos,

Plena,

De emoções, sensações,

Completa de alegrias,

Repleta do esperar,

Do querer ter,

Querer saber, ver...

Alimentando,

Agasalhando,

Hoje,

Depois de ti, sou essa doce espera,

Essa intensa vontade que cada dia ganha formas,

Volume,

Própria identidade...

Estou assim,

Cheia,

Repleta,

De um momento de espera preparado, ansiado,

De vontade de te encontrar...

sábado, 3 de maio de 2008


A personagem que me veste... ( Roseane Ferreira)

Incorporo há tempos um anseio de não saber o que,

Uma criatura que pede fuga e ao mesmo tempo se aprisiona em mim,

Há um texto,

No qual se cumpre a rigor,

Há um amor exacerbado,

Inconsciente e sem compaixão,

Um infinito texto de palavras e contido de conflituosos gestos,

Que averiguam a alma, incorrem em delitos,

Amam acima do bem e do mal,

Complacentes e desejosos de amor cada vez mais.

Visto-me de cores, adornos,

Fico assim um tanto vermelha, me colorem as vestes que me fazem uma personagem de Almodóvar,

Faço-me alguém em drama,

Meus amores insolúveis são de cunho trágico,

Descubro-me inteira vermelha, apaixonada, intensamente apaixonada,

Como se esse fosse o último amor,

Como se o amor sentido a cada segundo se esvaísse... Em gotas de sangue...

Meus amores são ofertados, derramados, caem em cascatas sonoras e não tem como evitar um alagamento... Maremotos em profusão...

Amo integralmente, nada de repartido,

Nada de doses, nada de parcialidades,

Amo com imensidão, gigantismo, irrefutável amor,

Incondicional amor...

Amor cego,

Que não se dilui,

Denso... Fervilhante...

Ah, essa Lydia, Raimunda, Manuela e tantas mais, estão implícitas, patenteadas em meu universo, habitantes da mulher indecifrável e compreensível que sou...

segunda-feira, 28 de abril de 2008

Sou assim - By me....


Sou assim...

Sou meiga e demodé, sou da internet, sou do mundo

sou crédula e desconfio

impulsiva e atirada

por vezes sonhadora

eterna viajante

romântica incurável,

amiga,

apaixonada, triste e melancólica

sorridente e bem humorada,

chata, prestativa, verdadeira

receptiva e acolhedora

amante, entregue.

Sou sem bula e sem prospecto

esqueceram de me traduzir

não tem como dublar,cópias ficam imperfeitas

versão única

exclusiva

sem revelação dos segredos da confecção ao produto final

indizível,

apenas me observe,tentar entender,não sei...

Sou flores do campo,sou rosa

vermelha sou chama,incenso, cristal,

sou Bolero de Ravel e também dona de meu caminho.

Sempre sou café quentinho,saindo fumaça,mas as vezes me transformo daí sou vinho suave, posso ser do frio e do calor.

Sou sempre emoção,

choro engasgado, brilho ambulante nos olhos,

pedido de colo,carente de amor,de dormir agarradinha.

Sou mulher ,muito criança ar de menina olhar que seduz,

ou abraços apertados,sou insone e sem juízo,

sou sem dono...

Sou sol no fim da tarde

sou o amor da lua

sou loba uivando meus orgasmos e minha eterna solidão.

Sou assim delicada,grande e desajeitada,

que falo gesticulando

que gesticulo falando.

Sou real, intensa transbordante

derramada alagada

sou eu,

Sou da Tássia do Theo da Elys e da Yane da Bi da Manie

dos irmãos da família da Dani, do Ju de Jair, de todos os amigos,e fui de amores,e sou do amor.

Sou de capricórnio

excessiva organizada,

pé no chão sou terra,

mas se voar, viro minhas borboletas e o mundo fica pequeno...

Sou das pessoas, humana,

mas sou fria, sou dos números, do compromisso da rigidez.

Mas sou eu, errada, errante,

perfeita nas imperfeições,

de certo ,um alguém para amar,

e nunca para entender...

Sou eu, Rosi, Rô, Roro, Rosa,Rose, Roseane,Rose Marie, que podia ser Natália, pelo meu dia,

que sou Rose - (a flor mais antiga,rosa) Ane (cheia de graça),

qualquer semelhança, se não for eu, é coincidência....

essa sou eu.....

Uma estranha poetiza maluca e a deriva mora em mim......

quarta-feira, 23 de abril de 2008

Sobre o amor.... De Fabrício Carpinejar

Ando lendo alguns textos interessantes demais escritos por Fabrício Carpinejar e quero abrir, por assim dizer, minhas postagens com um deles!

AMOR DO AMOR
Fabrício Carpinejar

O que é o amor do amor?

Essa intriga ficou como uma úlcera me gastando em segredo.

Estava lustrando meus sapatos de manhã. Não renovava esse gesto artesanal desde adolescente. Retomei com gosto a importância de me agachar para as miudezas.

Despir os cadarços. Alternar a escova, a cera, e o pano. Descobrir as frestas e as ranhuras. Ocultar as pedradas da superfície, limpar os peixes de couro, reconhecer a sola e sua gula pelas profundidades pedregosas. Herdar unhas encardidas e o brilho dos pares ao final.

Os sapatos envelhecem juntos. Eles se igualam com o uso. Não há maior, nem menor. Adquirem a bondade da experiência. A generosidade da estrada.

E cheguei à conclusão de que o amor do amor é estar junto em qualquer região da linguagem.

Linguagem é mais do que lugar. Linguagem cria o lugar.

É a capacidade de dizer qualquer coisa para sua companhia e não ser classificado de grosseiro, deslocado, ridículo.

Não enfrentar uma revista ao embarcar para a viagem pelas vogais. Não ser indiciado. Desfrutar da confiança da observação e da amizade espirituosa.

Ser compreendido no ato. Ou antes mesmo.

Levar alguém para todo o país de sua imaginação.

Intimidade de olhar para a boca mais do que para os olhos, como dois apaixonados aguardando o beijo.

Quando posso ser sarcástico, debochado, pornográfico, poético, ingênuo, idiota, cínico, crédulo com uma mulher e não preciso me explicar, traduzir e pedir desculpa. E ainda parecer genuíno. E ainda parecer engraçado. E ainda parecer justo. E ainda parecer ousado.

Ser estimulado a não mentir.

Ser vários, e não perder a unidade. Ser muitos, e não perder o endereço.

Há algo mais vexatório do que brincar e outra pessoa permanecer séria? Estar se divertindo e ser julgado? Propor relações inesperadas e ser encaminhado para o chat de tortura?

Amor do amor é quando deixamos a expectativa pela esperança. Deixamos de repetir o que ela ou ele deseja ouvir, para se contentar com o que ouvimos. É uma imensa falta dentro da presença, uma imensa concordância dentro da discordância.

O amor é o contexto para aquilo que não tem explicação. O amor é sempre contexto para pensamentos desconexos, palavras excitadas.

Amor do amor é quando não nos envergonhamos de nada. Não há medo de dizer, pensar, errar. Quando o nosso pior continua sendo o melhor para quem nos acompanha.

Pra começar

A vida é sempre um recomeço, então estou aqui para repartir, partilhar, afagar, desabafar..enfim, escrever um pouco, e assim me conhecer mais. E quem sabe conhecer aos outros, não pretendo invadir apenas preencher, a mim e a tí, e me fazer um pouco revelar!

Dezembro vindo.....

Daisypath Anniversary tickers
Monarch Butterfly 2

Escrevo para.........

Quando escrevo exorcizo fantasmas, é meio abstração e também minha realidade se despindo.Sou eu me confessando a mi mesma.

Um Poetrix ...verdinho......


Escrevo para....

Escrevo para por no mundo pequenas ânsias, escrevo para aportar desejos aflitos, escrevo para me salvar, é como Jogar as âncoras, o barco ora vai ao sabor das ondas, ora é a deriva....
Escrevo para acariciar as suas almas,e ser tocada por seus olhos impressos de brilho!
escrevo para Gozar,Flutuar, ser e merecer, Escrevo para seus delírios, seu deliciar!
Escrevo para vocês,
Agradeço seus olhos em mim, na minha ruptura poética!
Escrevo!

Muito grata por me sorverem as letras!
A todos que aqui passarem seus olhos, mentes e corações!
Rose

Sobrepondo Sonhos.....