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sábado, 27 de fevereiro de 2010

Soneto do amor que não veio ( EC)





Soneto do amor que não veio (EC)


A cena é primorosa. Na pintura a óleo um misto do êxtase que traz a alegria sendo tragada pela dor. Ambas entranhadas na mesma proporção. A tela de tamanho considerável orna a parede principal da sala de estar do casarão antigo onde vive seus últimos anos Liege Caldaro, uma renomada artista plástica cubana que há décadas reside em uma pequena e sossegada vila do sul da Itália. Fora composta há exatos sessenta anos, quando Liege completava os trinta. Ela grafou ali o que considera a obra que melhor retrata a própria vida a qual não permitiu integrar a coleção respeitada em exposição permanente hoje em Paris. Em frente à tela uma cadeira estilo colonial, de madeira enegrecida, com acabamentos almofadados recobertos de veludo grená que parece dialogar um franco diálogo com aquele deleitável naco de passado. Ambas cúmplices de Liege se completam na história.
Desenha o quadro uma pequena e aconchegante varanda lateral, com vista para um frondoso pomar, um alpendre com escada acimentada de poucos degraus, chão limpo e cuidado, mesa, sofás e cadeiras de vime pintados em branco, na mesa um jarro de água, uma porcelana chinesa em tons de azul recheada de miúdas e coloridas flores do campo intercaladas por rosas em tom vermelho. Completam o cenário alvas guarnições de chá com arremates em dourado, papéis e canetas espalhados, almofadas de pigmentos intensos sobre os sofás. Um atraente canto que curiosamente e em um lampejo tem toda a metade retocada de cinzas, negros e marrons. É isso: a tela em cores divide-se ao meio. Parte do céu é azul, na outra é negra noite. O vaso com flores metade é vibrante a outra são galhos secos e raras pétalas tombadas sobre toalha que de um lado é laranja e outro é nítido desbotar.
A arte choca e extasia. Divide-se sem criar rupturas, é como se num lento processo fosse transmutando. Em um olhar cremos que tudo voltará às cores vivas, em outro seguinte pensamos: será inteira a coloração funesta da pintura. Tem vida, movimento, relevo, perspectiva, contexto, detalhes preciosos, como rotos ficam os tecidos, amarelados os papeis, sem cor as capas dos livros, carcomidos os batentes da porta e janelas.
O que não sabe a velha artista é que uma desconhecida poeta brasileira, sabedora de toda a história que inspirou a tela, encantada com tal acontecido e por ter vivido semelhante destino, compôs isto há várias décadas atrás um soneto como o mesmo título da obra, que reproduzo aqui, para seus deleites.


Pela casa mil rosas espalhando cores
Enfeitei com carinho, alegria intensa em mim.
Buscava a ti encantar, na sedução das flores.
Somente por ti ansiava, neste amor que é assim.


Tua vinda planejei com enlevado apreço.
Com coração preenchido, tanto amor sentido.
Aguardei tua chegada, tu: meu real começo,
Os dias, horas, contava, ter tua voz no ouvido.


Mas eis que a vida muda, e tudo agora é triste.
O tempo se fez cruel e não te fez presente.
Estão murchas as flores, sou infinita dor.


Nada mais me faz rir, minha alegria inexiste.
É pena que não veio sem ti de mim sou ausente.
Vou seguir nesse mundo, encontrarei outro amor?


(Alexandrino ou dodecassílabo com Quartetos em rimas alternadas e Tercetos em cde/cde).


*****

Este texto faz parte do Exercício Criativo - Pena Que Você Não Veio
Saiba mais, conheça os outros textos: http://encantodasletras.50webs.com/penaquenaoveio.htm

Histórias de realejo (Trovinhas)




Histórias de realejo (Trovinhas)

I

Peço a sorte: não te pensar,
Queria tirar, no realejo.
Já que não mereço teu olhar
Sequer mereci teu beijo.

II

Mas nada disso acontece
Penso em ti veementemente
De ti coração não esquece
Eis um sentir que não mente.


III

Queria nas cartas desvendar
Quiçá dos búzios saber
Como da alma retirar
Esse improvável querer.


IV

Nas runas ou nos cristais
Revele-me, por favor,
Não te esquecerei jamais?
Padecerei desse amor?


V

Cigana de mim não omita
Ouso urgente descobrir
Essa paixão que em mim grita
Quando enfim vai sucumbir?

VI

Com a sorte vou brincando
Peço ao periquito ajuda
Sigo meu rumo te adorando
Querer-te, isso sim não muda.

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

LUA - Acróstico




L uz, luzente, leve, loucamente...
U nicidade, uivos urgindo;
A lma, ampla, ávida, apta ao amar...

Abertas



Abertas

Amarelas
Delírio e energia
Loucas vibrações...

Alvura




Alvura

Terna pureza
Tanta delicadeza
Branca realeza

Vertendo




Vertendo

Vermelho apetecendo
Paixão celebrada
Calor da cor...

Laranja - Poetrix




Laranja

Encanto
Elegante sedução
Armas delicadas...

Miudezas



Miudezas

Lilases singelezas
Púrpuras em cachos
Traços e arte...

Revelar



Revelar

Raro contemplar
Rosa inocência
Ingênua a agradar...

Gérberas- Poetrix



Gérberas

Graça
Sutileza
Alegria plena.

Rosa _ POETRIX



Rosa

Rubra
Grená
Grafo da paixão...

Flores e cores X



Tela da mãe natureza
Arte das mãos do Criador
Agrado de rara nobreza
Presente a nós com amor!

Flores e cores IX



Tantos matizes, diversos
Nuances tons, incomparáveis
Flores, afetos impressos
Obra e deleite inegáveis!

Flores e cores VIII




Rosas simplesmente ROSA
Gostar tão meigo, inocente
Divina, bela e graciosa
Atrair delicadamente!

Flores e cores VII




Alvas refletem pureza
Límpidas e transluzentes
Por si só, delicadeza
BRANCAS flores, comoventes!

Flores e cores VI




Lilases quiçá VIOLETAS
Miúdas em cachos dispostas
Inspirar das minhas letras
Singelas, de amor compostas.

Flores e cores V



Flores, cores, refinadas
Enlevo e contemplação
Em Salmão e ALARANJADOS
Enchem alma de emoção!

Flores e cores IV




Calmaria, paz, demonstrando
Cor do mundo, do universo
Celeste AZUL invocando
Azulando neste verso!

flores e cores III




Reluzentes e formosas
AMARELAS são energia
Encanto de luz, radiosas
Trazem-nos sempre alegria!

Série : flores e cores II




VERMELHAS são fascinantes
Simbolizando paixão
Intensamente elegantes
Falam justo ao coração!

Trovas: Flores e cores




Trovas: flores e cores


Flores em cor trovarei
Descreverei sua beleza
De perfume falarei
De tudo com gentileza!

sábado, 20 de fevereiro de 2010

Molhada



Molhada

Invadida
Desaguada
Nosso líquido prazer...

Encaixe- Sensualtrix



Encaixe,

Enlace
Cego tramar
Emaranhados (pernas e bocas).

Teu suor... saliva ( Duplo sensualtrix)





Teu suor

Água do meu paladar
Lascívia do imaginar
Sal do meu desejar...


Tua saliva

Tempero ao meu saborear
Apetite o corpo a despertar
Mistura de líquidos prazeres.

Tu...eu...nós..........................



Tu

Deslizando
Rumas sem avisar,
Resvalando,
Chegas...
Primeiro o aroma,
Invasor,
Tirânico a obrigar,
Exalando,
Tudo em ti,
A partir do cheiro,
É convidar...


Tu,
Convidativo,
Molhado,
Lavado,
De banho tomado,
Desejo desenhado,
Volumoso,
Lustre da pele,
Convite assinado...
Carimbado,
Lacre do aceite.


Eu,
Consentida,
Perfeita concordância...
Olho-te,
Molhas-me,
Sem sequer me tocar...
Aproximas,
Não sabes, mas mesmo de longe
O corpo já é inteiro vibrar,


Ao primeiro contato,
Murmúrio...
Ouvido a festejar,
Acendido,
Desejo teu abocanhar,
Não urgindo por beijo,
Quero da língua o indomável...
Bravio procurar...


Em mim,
O corpo é volúpia,
Treme ao se transpor para tuas mãos,
Quer todos os dedos,
Do toque a força e o atrito,
Trocar com teu sal,
Ingerir teu intenso desaguar,
Impregnada do gozo teu...


Logo,
Embriagada estou,
Em breve,
Inteira sou prece,
Desatinada e louca,
Em uivos,
Desvairada,
Latejo entre o quente dos lábios,
Visgo da seiva de ti,
O suculento da língua,
Alada, ir ao céu,
Sem lucidez ante teu vibrar,
Derramo-me,
Verto-me,
Ofegando,
Arquejo,
Arfante,
Em frêmita sofreguidão.



Decorres em mim,
Despe-me a mente,
Dissipando qualquer duvidar,
Percorres caminhos,
Permites descaminhos,
Corpo inteiro em desalinho
Abres infindas propostas de delirar,
Entregas a alma ao lancinar
Não há ponto qualquer
É texto sem fim.

Nós,

Somos inventivas viagens,
Em naus voejantes
Em planos, planetas,
Percursos desconcertantes

Somos etéreos e lineares,
Infinitas possibilidades
Ente terras, céus e mares
Somos ares pacíficos e em combustão.
Somos nós, universo
Conspiração...


Agora,

Agonizo atada a ti,
Grudada, presa,
Retesada...
É chegada à hora,
Do ápice, da volta,
Do retorno ao âmago,
Do introspectar, do explodir,
Do transformar,
Revolucionar,
Embalados,
Entranhados e alimentados,
Buscando o interminável desfrutar,
O arremate do amar,
O ponto seguida.
O fim e o começar...
Para depois,
Incansáveis,
Re-começar...


Dois,

Uns, um...
Igualados pelo amar...
Exauridos no desejar...
Plenos e perfeitos,
Pacificados...
Unos e alimentados,
Entregues a um completo e afetuoso abraçar...
Só abraçar...
Sequer murmurar...
Descansar...

............................

Saudade - Prosa em Tautogram " S"




Saudade (Prosa- Tautograma em “S”)

Sou Sal
Severa solidão,
Sou silêncio,
Soma secreta, sons sem sabor...

Sou suor,
Separada, sem sentido,
Sutil sensação,
Sou só,
Sem saber,
Separação...


Sépia sou sim,
Solta, seguindo...
Sou suposição,
Sobressalto,
Soluçando,
Suplica sim,
Segredada,


Sim,
Sangrando, seguindo...
Sei: seu sexto- sentido,
Sou,
Sorriso sumido,
Sim...
Saudade
Sou sim...

Só, somente, saudade...

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Eu




Eu

Envolta em lençóis de sedas
De sonhos
Deitada entre camas,
Estendida em desejos
Arrefeço da falta,
Arremato a pontos crus a crua dor
Do corpo nu,
Da pele em estiagem,
Da falta,
De saliva e beijos...


Eu

Que penso, fraquejo
Carne lastimosa
Intenso lacrimejo
Deserta de boca,
Sem marcas,
Digitais,
Repleta sem toques,
Cingida solidão.



Eu,

Lívida de tanta vontade
Lascívia da lua,
Inquieta,
Ebulição,
Nada a domar...
Sôfrega pelo teu navegar...
Anseio pelo teu salvar...
Afogando,
!Grito!
Afogada,
Deliro (...)
Por ti,
Furor...


Eu

Colidindo com o querer
Partida,
(Re) partida,
Sem gozo,
Sem mãos.
Vazia,
Sem cama vadia,
Sem nexo,
Sem sexo.
Sem olhar a perscrutar...
Tórrida,
Sulcada,
Pedaços,
Impressa em fendas,


Sem ar...


Sem (a) mar,
Isenta do teu amar...

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

Eu, em palavras cruas.....




1. Eu em palavras cruas;

Algumas palavras, um pequeno descrever...
Encantada pela escrita desde há muito,
Concreta na Formação, guindada aos números pela vida,
Sem nunca deixar de lado o desejo, o gosto pelas letras, palavras, artes, o lado sensível notável, que se antepõe ao numérico, das cifras, do voraz, da matéria racional.
O pensar se torna em letras, ganha formas harmônicas, revela a mulher poeta, que se transfere nua, para os leitores.
Prazer em compartilhar vivências, sentimentos, fantasias, vontades!!

2. Eu, por mim;

Alguém que investiga o próprio coração, porém sem amarras ele parte sempre como um animal que não se doma, dono do seu próprio caminhar.

3. Sobre meus escritos;

Há em mim uma palavra, que se transmuda e se desnuda, a vontade de dizer vem como fome, às vezes chega a doer. Então, em súbitos desvarios escrevo a alma de uma mulher, e transponho tudo aquilo a que me reservo.
Então sou eu mesma, nua, sem disfarces, revelando-me o mais íntimo interior,
Intensa e sem medidas.

Estou nos endereços:

http://www.dominiocultural.com/ver_colunista.php?id=442

http://www.luso-poemas.net/modules/news/index.php?uid=3952

http://recantodasletras.uol.com.br/autores/anezinha

http://arterestrita.ning.com/profile/Roseane

http://poemasaflordapele.ning.com/profile/RoseaneSuelyPintoMarquesFerreira

http://poeticadigital.ning.com/profile/RoseaneSuelyPintoMarquesFerreira

http://literaturaperiferica.ning.com/profile/RoseaneFerreira

http://fiosdoinfinito.ning.com/profile/Roseane

http://ajudandonatureza.ning.com/profile/RoseaneSuelyPMarquesFerreira

http://navegandonainsonia.ning.com/profile/RoseaneFerreira

http://www.encantodasletras.50webs.com/index.htm

http://www.camarabrasileira.com/entrevista408.htm

http://www.letrasdispersas.com/meustextos.aspx

"Escrevo para por no mundo pequenas ânsias, escrevo para aportar desejos aflitos, escrevo para me salvar, é como Jogar as âncoras, o barco ora vai ao sabor das ondas, ora é a deriva...
Escrevo para acariciar as suas almas, e ser tocada por seus olhos impressos de brilho!
Escrevo para Gozar, Flutuar, ser e merecer. Escrevo para seus delírios, seu deliciar!
Escrevo para vocês,
Agradeço seus olhos em mim, na minha ruptura poética!
Escrevo!"

TU




Tu,

Ao que dormes,
Pereces em desamparo,
Leve e sereno, é pintura ao meu olhar,
Não só olho,
Aprecio o quadro,
Divago ao contemplar teu descanso,
Não sei as linhas suavizadas do teu rosto,
Ou as formas marcantes do teu corpo,
Ou o teu nu desconcertante,
Mexem, auferindo luz do meu olhar...


Como que em transe, confiro teus fios em desalinho,
Sigo em riste perscrutando,
Cada sinal em tua pele,
Fico tentada a tocar...
Seduzida a avançar...
Mas apenas meus olhos conferem,
Intensa, doce e ardente apreciação...


Parece que pressentes que estou velando,
Teu corpo move-se preguiçosamente,
Já não há mais lençol,
Pleno e desnudo,
Sem saber
Completas o desenho que faz meu olhar...
Amplia-se num espasmo incontido a obra-prima,
Arroubo de tela inteira...



Agora sim,
És obra exata,
Paisagem por sobre a cama.
E vem da janela a brisa contracenar,
O quarto inteiro se propõe qual cenário,
Suave e claro,
Quase chega o aurorescer...
E lá estou,
Observando enlevada tua arte,
A cena,
Tu,
Teu nu,
Teu sono afinal...


Não respiro,
Não quero a ti despertar...
Teu dormir é zona de encantamento,
E cá estou,
Silente e fascinada...
Êxtase do mirar...



Movimenta-te sonolento ao meu deliciar,
Sinto perto o calor do teu respirar,
Quando então abres lentamente os olhos,
Teus cílios tocam os meus magicamente,
E nus os olhares se permitem...
É assim que fazes o convite,
Pois já sou enlaçada por ti...
Adentro então teu cenário...



Somos agora obra única...
Já não sou eu a te fitar...
Teu sono vigiar.
Sou novamente o pleno objeto do querer,
Somos a soma do infindo desejar...
Pertenço então ao teu inteiro devotar.
Meu desejo o teu a despertar...
Acordando,
Acordados,
Acordo de intenso e pleno amar...




.

Acalorada Ausência II




Acalorada Ausência II

Parte 2

A casa ta limpa,
A alma arrumada,
A pele tem cheiro de flor,
Tem toque macio, tem gosto,
(De) leite...


A cama está pronta, feita.
Lençol esticado.
Perfeita.
Convite calado,
De aroma exalado,
Tem ares de palco,
Apto a ser encenado.


Tudo é exato,
Espera-te,
Minuciosamente pensado,
Planejado para o teu regressar...
Perfume inflamado, desejo no ar...



Vem,
Pelo caminho queimarás de imaginar,
Teu corpo por ti pensará,
Involuntário, arderá,
Volúpia em ti se fará...


Ao meu murmurar,
Sussurra(n) do... “ Vem”
Te desligarás do mundo que é teu,
Porque inteira e doce, estarei navegando,
Secreta em ti,
No teu imaginar,
No teu corpo,
Iriante...


E asseguro,
Não tardarás,
Teu desejo o meu caminho percorrerá,
E nenhum som verás,
Nenhum olhar ouvirás,
Somente eu,
Enigma que a mim te trará...
Atrairá,
Vem...



Corre,
Depressa,
Já te espero em flor entre aberta,
Pronta para ao teu sutil toque,
Desabrochar,
Vem
Me (te) revelar,
Que já sou toda convite,
E toda resposta,
Intimação,
Propondo-me a ti...


Cada partícula minha é intenso cobiçar,
É imenso querer-te inteiro e meu,
E só de te pensar,
Cada fome de ti põe-se a (re) clamar.



Logo, por isso não evita,
Vem...
Minha boca urgentemente o teu corpo inteiro tragará,
Meus dedos aflitos buscaram cada entorno teu decifrar,
Meus líquidos desejos querem te percorrer,
Tuas entranhas penetrar...
E te invadir, ao léu e a esmo,
E se (me) deixar invadir,
E misturar,
E se (nos) misturar,
Suores, sal e sabores,
Olores,
Ardores...


Logo...
Vem...
Vem agora,
Não peço,
Não rogo,
Quero intensamente...
A ti,
Unicamente...

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

Acalorada ausência




Acalorada ausência

Parte 1

Dormir ausente de ti.
É como dormir do avesso,
Sem berço,
Rota e moribunda,
Sem ti me desconheço.
Dormir sem estar envolta por ti é
Definitivamente vaguear,
Perambular no sono e não descansar.


Ontem de mim foste distante.
Apartado.
Revirei-me por dentro, catei teu cheiro em mim.
E inodora fui.
Ontem,
(Não) dormi sem ti.
Desse envolver tenho vício,
Da pele que atiça tenho falta,
Do olho desnudo que despe o meu no amanhecer
Sou viciada...
Dependo
Decorro,
Derivada desse teu existir,
Do teu desaguar tenho sede,
Fome,
Ávida e em sofreguidão...
Insaciável de ti.



Ontem, na noite perene e escura.
De mim te foste,
Levaste a calma e a serenidade
Carregaste minha mansidão.


Restou um fogo que chorava e ardia.
Ardia e queimava,
Incendiando as horas,
Corpo e cama não se entendiam.
Passou um furacão, revirou,
Sacudiu,
Tremeu...
Foi a ausência de ti.



Agora nas agruras das horas,
No cansaço do olhar te peço
Vem,
Vem pacificar esse estômago a revirar
Vem!
Sanar com teus beijos a febre que seca,
Vem copioso,
Veemente,
Intenso e revoltoso,
No meu mar de convulsivos quereres esgotar.
Impetuosamente...
Exaurida quero estar...



Espero e quero,
O teu enredar,
Esse embaraçar de teias e pernas,
A confundir-nos de tão unos,
Entranhados,
Embrenhados na lascívia desse (a)mar.
Vem,
Não tarda...
Agonizo,
Não te atrasa...
Padeço de tanto te cobiçar...

Irrefutável alvitrar......





Irrefutável alvitrar (EC)


Que fazer se ele tinha predileção por estar enclausurado,
Acorrentado,
Trancafiado em seus recônditos porões?
Afinal o que falar se era praticamente impenetrável,
Inacessível,
Imponderável que aparentava,
Canto obscurecido no qual prevalecia o breu... Intenso e enigmático breu?


Havia que ter um jeito,
De roubar um sorriso que fosse,
De desatravancar um milímetro qualquer a barricada,
Afrouxar os nós das duras amarras,
Permitir,
Conceder,
Destravar...


Aquelas imensuráveis e quase permanentes trincheiras não nasceram ali,
Não tinham estado sempre erigidas.
De certo que não...
Quiçá nos primórdios,
Houve, ainda que anteriormente um fugaz consentimento,
E então eis que sucedeu um COM_sentimento,


continua...

http://recantodasletras.uol.com.br/prosapoetica/2075629

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Sinfonia......



Sinfonia

Sons, letras
Arranjos interiores
Poesia em sintonia...

Uma entrevista minha na CBJE





Roseane Suely Pinto Marques Ferreira

Eu por mim...
Roseane Suely Pinto Marques Ferreira, natural de Belém do Pará, cidade das Mangueiras, nascida em um 24 de dezembro de um ano assim... Administradora de Formação, o que não impede de ter uma caneta impressa na alma. Envolta no mundo das letras, contraste com a vivência profissional de cifras e números que a realidade me impõe. Mulher das finanças, e também das divagações poéticas.

Quando tudo começou...
Na tenra infância, em Salvaterra, no Marajó, onde havia muita praia, brincar de roda a luz das estrelas, e dormir escutando o encher e vazar das marés. A biblioteca simples da escolinha de Primeiro Grau foi algo de engrandecedor. Lá li toda a coleção de Monteiro Lobato, Sítio do Pica-Pau Amarelo em edição sem gravuras e tantas outras obras maravilhosas. Lia corretamente aos....


continua aqui:

http://www.camarabrasileira.com/entrevista408.htm

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

Árido Jardim.....





Árido jardim

Meus versos constroem-se no cerne, na alma.
A planta é criada meio ao ócio da ilusão.
Sem limites, o mestre da obra é o coração.

Andar por andar, piso por piso, ergo a missão.
Compactar, união plena, poema é a expressão.
Sedimentados, com ou sem rimas, rija conclusão.

Obra sempre surge ante ao vazio, ao quase nada.

Florescer no pedregoso, ressequido, árido jardim.

Encontrei num (capítulo) antigo... (EC)




Encontrei num (capítulo) antigo... (EC)


Não sabia ao certo o que buscava talvez um texto, um poema, um verso que fosse. Folheava algumas velhas obras, tirava o pó, alguma leitura. Insatisfação. Não, de certo não era isso que procurava.
Mas que idéia. Ao mesmo que boa, difícil, procurar algo no concreto das obras antigas.
A caixa de papelão em baixo da cama pedia, clamava por ser aberta. Rogava ar. O intuir avisou. Um pequeno gesto, um esforço, e me via no chão, sentada meio a tantas quinquilharias, livros, papéis antigos, envelopes Havia, no entanto num cantinho da caixa, um pequeno livro amarelado, onde se lia “Cem sonetos de amor”, fora um presente. No exato instante do folhear, brotam como que derramando cenas cotidianas, sabores perdidos, aromas seqüestrados pelo tempo.
Não tinha meio as páginas pétalas e folhas secas, bilhetes em papel prateado das carteiras de cigarros. Não. Não continha poeminhas escritos em lenços de papel com beijos de batom. Não, não havia, não tinham fotos amareladas com dedicatórias, nem letra de música escrita em retalho de revista. Nada disso existia. Houve, no entanto desenhos que desfilaram na retina, reais e honestos nas cores das roupas, do jeans, da pele. Nos olhos abertos passaram incansáveis as noites, dias de paixão,infindáveis declarações de amor, tantos porém finitos dormir e acordar ouvindo “ eu te amo”.
Um Boom de emoções tornou aquele ambiente com olor de sentimentos embriagadores, ardentes detonados em dias de chuva, instantes irrecuperáveis materialmente, mas conservados, preservados pelo tanto que eles foram. Passaram filmes vistos juntinho, músicas, passeios, cada vivência contida no embolorado daquele pequeno livro. Bolorentas recordações contidas num canto qualquer do passado. E a tarde já se ia, o anoitecer anunciava,é hora de secar essas bobas lágrimas, parar de fitar aquilo que não se vê. Voltar para a caixa cada item, arranjar com uma fita e colocar de volta no mesmo lugar.
Tudo já respirou. Cada pedaço de papel, folha de livro, expôs suas saudades, mostrou que vivem ainda as memórias, que cumprem suas funções de serem lembranças. Pus então os olhos em direção da janela, já passavam das sete, e percebi que o tempo, engraçado isso, naquelas horas, envolta em tanto pretérito, passou e não passou. Transcorreu no filme da memória, e parecia que o relógio as horas não marcava. Mas a tarde se foi, sorrateira, e nem me avisou. Como que não quisesse me espantar de mim mesma. Como se não pretendesse roubar-me dos devaneios.
Olhei em volta, era só mais um quarto de guardar coisas, aquelas que prometo a mim mesma sempre selecionar, e desocupar lugares. Prateleiras. Espaços vãos. Jurei para mim que numa outra hora de mais entusiasmo e alegria ali voltaria para faxinar, rasgar, queimar, arrumar. Voltaria quando meus olhos já não chorassem de saudades.Regressaria quando o apego ao passado,revelado pelos bens materiais fosse dissipado e então eu já fosse mais espiritualista.Retornaria quando quinquilharias sem sentido, como canetas secas, cartões de telefone usados,ingressos de shows e cinema não significassem mais tanto. Daí sim voltaria.
Tornaria quando não mais restasse aquele aperto no coração e uma indisfarçável tristeza como aquela que eu experimentava naquele momento. Desejava que fosse mais simples menos complicado. Mais uma olhada, fechei a porta. Queria muito que aquele cerrar de porta significasse bem mais que um trancar de aposento. Intentava que denotasse o fechar de memórias, o apagar de sonhos que se perderam. Enclausurar a alma, o coração, para um passado que insiste em morar naquele velho quarto. Teima em viver resoluto e sem tranca, no meu interior.



# Vivência a partir da busca por inspiração, material para o desafio: "Encontrei num livro antigo...”.
Para ilustrar o real dessas memórias, reproduzo aqui na integra um e-mail impresso encontrado entre guardados que considero um dos mais significativos que recebi entre cartas, e-mails, cartões, dedicatórias que compõe parte dessa história. Abro emocionadamente um parêntese revelando um pequeno item da minha intimidade. A data e texto são verídicos, apenas o nome do remetente preservado, trocado por um fictício.


De: Richard
Para: rspmf@ig.com.br, suandvalois@bol.com.br, rspmf@hotmail.com
Data: 01/08/2001
Assunto: Minha flor!

Rosy,

A vida é um processo bonito e tortuoso ao mesmo tempo. Eu e tu caminhamos por diferentes direções até nos encontrarmos; sei que teu caminho foi mais longo, mas creio que o meu foi mais frio.Olhei muito pouco para os lados, perdi a oportunidade de apreciar muitas paisagens belas por auto-cegueira. Com o decorrer do tempo, fixei meu olhar numa única direção. Esqueci que o horizonte se perde à vista.
Andando por um longo tempo desse modo, acabei por me esquecer o que buscava. Entediei-me com a monotonia do mesmo limiar do céu e terra.Parei!Perdi-me em mim mesmo. Passavam por mim muitas coisas e pessoas, a cada uma olhava com a mesma cara de desânimo. Vi-me vazio e só, mesmo estando cercado de tantos outros. Numa leve brisa que soprava apreendi uma intuição, um brilho mínimo na escuridão. Ergui-me mais uma vez e tateando em meio ao breu segui em direção a ela. A cada passo a luminosidade aumentava. Num dado momento pude caminhar pisando firme. Começava a se vislumbrar a direção que havia perdido, meu norte.
Aprendida a lição, ora aqui ora ali, punha meus olhos sobre a paisagem e tentava captar seus olores e cores. Faltava algo ainda no quebra-cabeça do mundo, uma peça-chave para que o todo se fizesse presente, o conjunto mostrasse a figura escondida no jogo. Tentei algumas peças, mas a cada entusiasmo pela solução,seguia-se o infortúnio do erro. A cada percalço, uma lição levava comigo. Seguia minha direção. No ínterim da jornada continuava a sentir a paisagem no que ela me oferecia. E foi em um dia qualquer –agora especial – que meus olhos detiveram-se mais demoradamente num ponto. Parei e observei num átimo o motivo de tal acontecimento – nunca parara assim subitamente para olhar a paisagem.Era uma flor. Como uma tão simples flor pudera me fazer parar? Não sei explicar. Contudo em meio a tantas outras sua especificidade se fez notar: singela e bela. Sua beleza transcendia ao exterior.Penetrava, entranhava na terra. Não entendi como tantos outros tran seuntes naquela estrada não se deixaram ficar por ela...Continuo explorando meu caminho, avanço um pouco mais a cada dia. Porém, no final do labor retorno a ela, ao seu regaço, aos seus lábios. Feliz por tê-la encontrado, por poder estar com ela! Enquanto a distância a que eu chegar permitir, retornarei a ela sempre!...Seu poder não está em conquistar e dominar. Segredou-me o mistério e nisso fez-se o homem do pó: AMOR!...A peça que faltava encontrara. É só com amor que a vida se justifica... Tremi, tive medo.Tolo que fui quase a perdi, dei-lhe mágoas...Sumindo a bruma fria, vejo agora que não há porque temer...No amor o amor suplementa-se,explica-se! Está além do entendimento da razão... Não se metrifica, canta-se em versos livres... O mundo está reconstruindo-se-me através do amor. A flor me trouxe o que não esperava,tirou-me o que não tinha, criou o que não existia, deixou-nos no que vibrava... TU ÉS MINHA FLOR! Te adoro!

Richard


“Encontro pela vida milhões de corpos; desses milhões posso desejar centenas, mas dessas centenas, amo apenas um. O outro pelo qual estou apaixonado me designa a especialidade do meu desejo”
Roland Barthes


Aqui termina o e-mail.
Aqui abro para vocês leitores e caros parceiros de (Re) Encanto um naco real dessa minha história... Já parte de um (saudoso) livro(capítulo) antigo.



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Este texto faz parte do Exercício Criativo - Encontrei num Livro Antigo...
Saiba mais, conheça os outros textos: http://encantodasletras.50webs.com/livroantigo.ht

Verbaliza





Verbaliza

Sentidos
...extravasar
Letras acolhidas...

Escrita



Escrita

... Expressão
Reflexos da alma
Grita!!!

Dizeres



Dizeres

Via poesia
Voejam rimas
Pura sintonia...

Linhas




Linhas

Expressas em versos
Juntas...
Sentido: Poetizar...

Letra



Letra

...Soma palavra
Múltiplas idéias
Inspiração resultar...

# Imagem obtida na internet.

Quão doce é a tua existência




Quão doce é tua existência


Tua grata existência é um agrado ao meu existir
Sou plena e consentida ante ao teu negro olhar
Pela vida faço versos ansiando teu pressentir
Então minhas rimas doces só a ti irei dedicar.


Sentimento profundo que brota e faz sucumbir
Poemas são testemunhas do intenso contemplar
Tua grata existência é um agrado ao meu existir
Sou plena e consentida ante ao teu negro olhar.


Na vida o amor engrandece, vale somente sentir.
Ternura manifestar vivendo um completo amar
Razão de afeita alegria, do ilusório transgredir.
Alçar vôos, flanar livre ver a paixão transbordar.
Tua grata existência é um agrado ao meu existir

Dezembro vindo.....

Daisypath Anniversary tickers
Monarch Butterfly 2

Escrevo para.........

Quando escrevo exorcizo fantasmas, é meio abstração e também minha realidade se despindo.Sou eu me confessando a mi mesma.

Um Poetrix ...verdinho......


Escrevo para....

Escrevo para por no mundo pequenas ânsias, escrevo para aportar desejos aflitos, escrevo para me salvar, é como Jogar as âncoras, o barco ora vai ao sabor das ondas, ora é a deriva....
Escrevo para acariciar as suas almas,e ser tocada por seus olhos impressos de brilho!
escrevo para Gozar,Flutuar, ser e merecer, Escrevo para seus delírios, seu deliciar!
Escrevo para vocês,
Agradeço seus olhos em mim, na minha ruptura poética!
Escrevo!

Muito grata por me sorverem as letras!
A todos que aqui passarem seus olhos, mentes e corações!
Rose

Sobrepondo Sonhos.....