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domingo, 29 de novembro de 2009

Ilusão - Pirâmide de FIBS




Toca
Soa
O fone
O som teu
Anseio pressinto
Será que és tu? Tua voz escuto...

Não
Não é
Errei
Delirei
Engano sonhei...
Saudade que faz o imaginar...


Roseane Ferreira Pirâmide de Fibs

Saudade - Um FIB invertido............




Guardo de ti os melhores risos
A voz grave, forte.
Entre o quente
E o doce
Sinto o
Gosto
da
falta
De ti
Presente.
Mesmo que distante
Guardo de ti dias de verão.


Roseane Ferreira (Fib invertido)

Silencia - Poetrix



Silencia

Cala
Negando alegria
So_negando sonhos.

Um rol de " Sins" - POETRIX



Um Rol de sins......

Sim

Quis teu sim
Simples assim
Tive o não, por fim.


Sim

Portas abertas
Destravadas
Escancarado coração.


Sim

Janelas ao vento
Voejando cortinas
Lugar de beija-flores.


Sim

Repleto de anseios
Sem rimas ou disfarces
Armas de sorrisos.


Sim

Desmistificar
Olhar no horizonte
Alcançando infinito.

A plenitude do encontro - Sobre rios.......




A PLENITUDE DO ENCONTRO

Como começa o beijo?
Quem inicia?

Começa qual provocação.
A dança do seduzir.
ELA exubera convidativa...
ELE, majestoso, estende-se frente à dama, num passeio largo, grandioso atrativo, próprio de sua natureza. Pertubadoramente tentador.
ELE, natural, rebuliçando, por vezes revoltoso, arredio, quase arrebentação.
ELA, ah, postura impecável, austera, larga, atraente, cheia de tantas peculiaridades.
Eivada de tradições, impossível não vê-la, querer se aproximar, e curiosamente saber do seu passado de tantas histórias, Marcas e marcos, uma longa trajetória e vida...

E ELE?
Não perde para ELA, não fica atrás, enche, encharca nossos olhos, é forte e emocional, é arrebatador, apaixonante... um gigante.Um ícone, entre os seus é o de maior importância, atrativo, objeto até mesmo de cobiça.....

São partes, completam-se. Complementam-se. Constituem uma primorosa pintura. Aos olhos de qualquer artista são oferta perfeita e certa de inspiração.
São belos.
Harmônicos.

E ao encontrarem-se, entreolharem-se, nos ofertam uma das mais surreais imagens aos olhos já vista. Acasalam-se. Dançam a dança das tradições, revolvem toda á mágoa - dor de um povo sofredor, e arrastam-se ao som do Batuque, da dança-lamento, da marca de negro, juntos dançam aos nossos olhos o Marabaixo...
Ai roubam nossas forças, retiram nossas lágrimas e perpetuam-se em cada um de nossos olhares.
E rodam que rodam as saias... Calor e sensualidade, misteriosa emoção...
Então nos quedamos a esse encontro, perplexos...
Atônitos, pasmados,
Silentes...

Indescritível encontrar.


O Rio e a Fortaleza,
A Fortaleza e o Rio...

O Rio Amazonas e a
A Fortaleza de São José de Macapá.


# Inspiração a partir de uma foto, no Orkut de um amigo de Macapá, dessa Pintura - paisagem. A Fortaleza de S. José de Macapá e o Rio que a beija, o Amazonas.

#Na foto a filha, em recente estada em Macapá, montagem minha.

Previsões quase certeiras - um conto





Previsões quase certeiras (EC)


Antevi tanta coisa, sem bola de cristal. Previ o que era óbvio, depois eu soube disso. Intuía o que de nós se aproximava. Sentia por nós. Pressagiava o encaminhar dos fatos. A tua, a minha ausência de ti. Prenúncio de intenso vazio. Lacunas.
Previra intimamente que acaso a partida era eu quem poria os pés fora daquela ilusão, daquele engano, daquele rio de promessas que se perdia num oceano silente, dentro de cada um de nós.
Em mim tinha uma inarredável ebulição, um turbilhão de sonhos, vontades postas na gaveta do criado-mudo, que lá emudeciam, mas tinham seu choro vazado por entre as frestas das madeiras da mobília, sentia escorrer, verter as suas dores.
O tempo se fez carrasco de uma decisão, horas vazias de sentido, relógios sem ponteiros, que fincam, ferem e avisam a cada obsoleto minuto. Somente um alento embotava ou cobria com fino véu toda aquela agonia quando tu, disposto ao breve romper das tuas próprias clausuras te permitias à entrega do corpo que se debate em irrefreável desejo. Naquela hora então pareciam inverossímeis todas as penitências, castigos que impúnhamos a nós dois e aos nossos sentimentos. Uma trégua que se dava sempre entre dias mornos e tardes acaloradas de um domingo qualquer.
Pressupus a proximidade da quebra, do desacorrentar rumo a tantas perspectivas, abismos intransponíveis eram poucos diante do quanto já éramos estranhos a nós mesmos. Eu, estranha de mim, enigmática para ti. Tu estranho absolutamente alheio a ti e a mim. Já não nos reconhecíamos enquanto essências, e tudo que imaginávamos saber um do outro, todas as afinidades supostas, toda a intentada experiência, os laços fortes que nos uniam , eram agora monstros que dormiam em nossas camas, eram nossas próprias sombras, que horas se desencaixavam, desprendiam da imagem que tínhamos construído um do outro e de nós mesmos.
Quebraram-se os nossos castiçais, esfacelaram-se as taças de cristais, os antigos achados de amor, o velho tratado de respeito, foi-se, esvaiu-se meio ao insólito desconhecer e ignorar que habitou, povoou o universo de nós dois.
Previ, que partiria, cataria a pouca dignidade que restava e me iria de ti.
Tudo por mim vaticinado. Tracei uma partida.
Uma ida sem volta e sem recados. Um desaparecer sem endereços, telefones mudos. Coração que pede, roga liberdade.
Amanheceria, madrugada, seria um único abrir e fechar de porta. O último.
A redenção.
Prognóstico errado.
Na madrugada um ruidoso estampido fere de morte o silêncio. Acorda a surdez interior.
Como te antecipaste ao meu intento de fuga? Sempre senti que entre nós haviam apostas veladas.
Surpreendes-me, a maior de todas as surpresas. Saíste na frente e com folga.
Uma fuga sem precedentes e realmente sem volta.
Tu te foste antes de mim.
E quase igual o planejado. Sem deixar qualquer bilhete. Em sepulcral silêncio.

Confesso aturdida, por essa eu juro, não esperava...

*****

Este texto faz parte do Exercício Criativo - Por Esta Eu Não Esperava.
Saiba mais, conheça os outros textos: http://encantodasletras.50webs.com/naoesperava.htm

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

haicai 193



Haicai 193

Céu e rio misturado
Um único tom de cinzas
Pintura nublada.

Haicai 192



Haicai 192

Canto de águas densas
Entrecortado de rios
Horizonte ao longe.

Haicai 191





Haicai 191

Oceano na baia
Marés que se avolumam
Líquido Pará.

Haicai 190



Haicai 190
Barcos qual papel
No rio as águas serpenteiam
Ao sabor do tempo.

Haicai 189



Haicai 189
Balouçar das folhas
Mangueiras dançam ao vento
Chuvas de Belém.

Haicai 188


Haicai 188
Ver no céu um negrume
A tarde torna-se noite
Desabar em chuvas.

Tua - FIBgrama ( Em " T")



Tua


Tez
Tão terna
Transluzente
Tácito tocar
Trilhar tempestuoso terreno.

Abraço Amigo - Duplo Acrostrix





Abraço

Abrir-se ao alentar
BRAços buscando brandura.
COntar com caloroso coração.


Amigo

Amar sem exigir
MIstério do compreender
GOstar sem condições...

Abraço -TAUTOTRIX





Abraço

Abrir amplamente a alma
Acendendo airosa alegria
Aquece a amizade, acolhendo amor.

Sobre Girândolas - Uma resenha



Sobre Girândolas – uma breve resenha

Há um algo aqui no meu Pará que se abre em cores ao nosso imaginar, faz os outubros colorirem, diferindo...
Chamam-se Brinquedos de Miriti, populares no Círio de Nazaré, uma arte entalhada que alegra o nosso povo, um Círio particular pelas ruas de Belém, levando a obra e o legado do artesão mais perto da fé na Virgem Mãe.
Com os brinqueteiros, vem as Girândolas, onde os brinquedos são dependurados, e caminha o vendedor meio ao oceano de gente, no Círio ou Trasladação como seu mar de encantamento. Um cortejo de sonhos meio ao Círio de fé. Um Rio de imaginação desaguando meio ao mar de esperanças.
No decorrer desse clima, nesse entremeio surge uma Obra Literária chamada GIRÂNDOLAS, original desta terra, das entranhas de um escritor chamado Daniel da Rocha Leite, “de coração” filho de Abaetetuba, um digamos pólo da confecção, feitura dos brinquedos de Miriti, nascente da Arte ribeirinha com os braços de uma palmeira também conhecida como Buriti, ou isopor da Amazônia.
Daniel com seu primeiro romance, constrói ,tece uma história de amor, entrecortada por delicados sentimentos que permeiam a insondável alma humana, entremeando a obra com um vasto esclarecimento sobre a cultura desta terra, seu povo, lendas, tradições. Ele, o autor, pinta para nós telas de pura beleza Amazônica, e faz poesia, prosa poética que se destaca pela obra inteira. Um romance repleto de Poesia. Intenso quando refere às dificuldades, injustiças sociais que ocorrem aqui, como as grilagens de terra, a ofensa e o constrangimento sofrido pelo povo caboclo destas bandas ou quando conta a história da menina de Abaeté, presa injustificadamente em cela com detentos, violada. Nessa área do romance, a cena é cinza, emudecida com a nossa vergonha e indignação. Toda a realidade ribeirinha, num fazer poético e humano do autor é escrita nessa obra. Desde as rezas das benzedeiras, as parteiras da floresta, mitos como a Cobra boiúna, e a crueza dos escalpelamentos sofridos por mulheres nos motores dos barcos dos rios daqui. Tudo é rico, bem traçado, costurado com a sensibilidade e o conhecimento nativo do escritor.
GIRÂNDOLAS do Tobias e Maria, Lourdes, Dona Constança, Velho Tibúrcio, Dona Zefa, Dona Filomena fazem nossa imaginação passear no nosso mais profundo rio, as águas dos nossos sentimentos, mágoas, crenças e arrependimentos. Correm córregos, barquinhos quer vermelhos ou amarelos de muita fé e alento a cada acontecimento, e no infindo sofrer de Tobias, no seu escrever a própria culpa com o fito de obter o perdão, nós nos encontramos, bem como somos cegos aprendendo a tatear melhor o mundo com a mais humana Maria. Move, gira Girândolas e encharca de afeto nossos corações. É de fato uma linda obra.
Ao mesmo tempo em que é densa e real nas agruras tem um tom de fortes e indissolúveis afetos. Leveza.
Para se ler e conhecer. Apreciar. Sonhar, imaginar, para nós Amazônidas, Parauaras uma lição de querer bem o seu rincão, de respeitar o seu legado, de amor pelo seu chão.
Girândolas conquistou o Prêmio Samuel Wallace Mac-Dowell da Academia Paraense de Letras que possibilitou a publicação da obra.
Daniel Leite é um arrebatador de prêmios nato, e possui outras três obras também premiadas que são: Águas Imaginárias - Contos, Casa de farinha e outros mundos - Literatura Infanto Juvenil e Invisibilidades - Contos.

Certamente ao findar a leitura de Girândolas, há que se concluir concordar como autor:
“Amar, ainda, é um verbo possível”.

sábado, 21 de novembro de 2009

Tanca 81




Tanca 81

Mais um dia acordando.
Lá vem o Sol despertando.
Abrem-se as cortinas.

Abrir-se para a beleza.
Para a vida, para o amor.

Tanca 80



Tanca 80

Brisa, orvalhada.
Madrugada silenciosa.
Amores acontecendo.

Luar invadindo janelas.
Estrelas caindo do céu.

Tanca 79




Tanca 79

Negrume da noite
Chegam estrelas faiscantes
Enfeitam o céu.

Misteriosa sedução.
Noite, derrama paixão.

Tanca 78




Tanca 78

Encontro perfeito
O mar na lua faz carícia
Resta um lindo prata.

Cena completa, perfeita.
Presente aos apaixonados.

Tanca 77




Tanca 77

De tarde, arrebol.
Deita-se o sol em descanso.
Nos braços do Rio.

Ao dormir pensa na Lua.
Sonhos, encontro possível.

Haicais 194 a 196- adicionados de Tautograma




Haicai 194

Misterioso mar
Movimentos marcantes
Musicalidade.


Haicai 195

Surgindo surpresas.
Sol supõe sabedoria.
Sorrisos surpreendem.

Haicai 196

Luz Lua levitando
Leve, lânguida luzindo.
Lindamente livre.


# Haicais, experimentando a forma poética Tautograma, neste caso Haicais tradicionais seguindo as sílabas poéticas 5-7-5, mas com todas as palavras iniciadas com a mesma letra a partir dos temas Mar, Sol e Lua.

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Duas Certezas - POetrix Infantis




Duas certezas



Criança e natureza

Amor e delicadeza

Há que muito cuidar...





Outra certeza



Criança e animais

Fantástico e reais

Permanente respeitar...

Sono Infantil - Poetrix Infantil





Sono infantil



Onde descansa a peraltice

Inocência e pureza

Aonde vai o infinito sonhar...

Lua ( Z)




Lua (z)



Aquece

Acende

Em pratear se estende...

LU_ares




Lu_ares,



Lu_zes, lugares

Luar e olhares

Encantar (o) lhar...

Na Lua... SENSUALTRIX




Na Lua



Luz incandesce,

Desejo acontece

Ao luar (a) mar...

No Ato ( II) - POETRIX





No ato (II),



Desfaço, desato

Laços e embaraços

Tua nu (a) luz da lua...

O sim e o NÃO - Prosa poética





O sim e o não



Querer teu sim...

Foi como um sonho,

A vontade do tempo que se reduz em pó.

Querer teu sorriso,

Teu dia preciso,

O teu paraíso,

Instalado no fundo do meu olhar.

Sim, querer o teu sim.





Foi te querer,

Foi sonhar.

Querer tua voz,

Grave,

Qual vício dos dias,

Das horas vazias,

Fugidias,

Tua sonoridade

Invasora.

Das vontades,

De te ouvir,

De atravessar as ondas,

A energia,

E chegar pertinho,

Chegar a ti.

Chegar no gosto do teu riso,

Brincar de alegrar,

Ao sim se dar,

Abraçar,

Sim, o teu único sim.





Querer a tua intenção

A tua mão

Destravar as trancas do teu coração

Adentrar...

Querer o teu deixar,

O teu libertar

Da prisão que nos obriga a distância.

Querer

O teu sim,

Os teus olhos em mim,

Sem culpa,

Sem delimitar

Querer ser real o imaginar.

Um sim,

Apenas,

Um só, sim...







Querer teu sim

Com cheiro de sol,

Sabor de quintal,

Calor das noites que aquecem

Derretem solidões.

Desaguando,

Lavando,

Libertando aflições.

Sim...

Só, o teu sim.







Querer o sim

Que perde a hora

Que arranca o ponteiro,

Despacha o porteiro,

Que fecha as cortinas...

O sim qual menino

Sim, sem destino,

Sim, derradeiro,

O teu,

O meu,

Sim.







Querer o sim,

A fresta do entendimento,

Do traduzir o intraduzível

O sim que ignora as leis,

Que é completo

Repleto

Só de sim...

Simples assim.

O sim

Do sim.







O teu negado sim

O sim fustigado

O teu sim que não veio,

Nem deixou recado

O sim teu trancafiado.

O meu sim tão ansiado.

O teu NÃO,

O meu sim

O teu meu sim arquivado,

O meu, teu sim.







Querer sim

O teu sim

Por fim

O sim

Que tranca a saudade para fora,

E perde a chave...







O sim teu,

O meu socorrer,

O sim de todo o meu querer...

Sim...

Si........

S.............



....................................

Para um Cravo - Carta e Poesia




Para um CRAVO...



Quando um coração faz carta para outro, é como um leva e trás de beija-flor,

Como mandar pela asa do vento um aroma sutil da presença.

Qual envelopar saudades e postar nas caravelas perdidas no oceano da distância.

Quero nas poucas e tenras pétalas do meu escrever, dizer do que sinto contar das águas que afogam, das marés que aquecem o esquecimento.

Do encher e vazar do meu Rio - Coração.





Cravo meu,

Que comigo nem brigou,

Que, no entanto, com a mudez rasgou,

Pedaçinho por pedaçinho um papel de escrever sentimentos...

Sangrou.

Não despetalou,

Feriu.

Com ponta sutil cada naco arrancado.

Não- Me- Quer...







Ah Cravo querido,

Como pode uma flor a outra fazer murchar?

Das cores tirou a vividez,

Desbotou,

Do cheiro a essência extraiu,

Tirou o pólen,

Debulhou,

Machucou,

Pétala sem viço ficou,

Des-pe-ta-lou...







Restaram prados vazios,

Águas que são só(s) sinais,

Resquícios de um jardim,

Quase um lugar negrume,

Roubado pela tristeza o lume.





Cravo que leva o riso,

Troca o brilho por sal,

Tempera de amargo a boca,

Um travo,

Um desagrado,

Abrolhos.







Teu silêncio sem verbo falado,

Ausente de letras, vazio perpassado,

Tempo que escoa surdo,

Ecoando palavras mudas,

Falta que decorre, veio líquido na estrada,

Fino sinal no caminho,

Quase apagadas marcas,

Pegadas de um solitário querer.





Cravo que Mal -Me -Quer,

Craveja meu rir de lamento

Crava-me de falta tua,

Crava a vida em desigual

Crava da flor o final.





Não é uma carta só, é um suspirar enviado,

Não-Me-Ouve,

Não-Me-Vê

Sequer imagina,

O vislumbre da falta.

Que deixa na vida minha.





Leva Beija-Flor, leva esse vago de mim, transpõe aquela janela bem perto da Sumaúma, deixa lá esse recado, do meu Rio que se funde as lágrimas, que se junta ao mar, e deságua todo o prantear.

Fala a ele bem baixinho, das estrelas, do luar, diz do querer que agiganta o infinito do olhar.

Conta e canta para ele desta flor, que triste, até já muda de cor, diz que não há obra completa quando impera a latente dor.

Revela que são só(s) versos, rimas pequenas, rumos dispersos, letras ajuntadas, palavras não faladas, escritas, sangradas, por um sentir feito, sagrado de amor.

Diz a ele Beija-Flor, manda um beijo,

Diz que é da Rosa,

Da saudosa Rosa,

Da Rosa para o Cravo, Beija-Flor.





Destino: Onde houver uma gigante Sumaúma, um concreto de distância, um Cravo. É lá Beija-Flor.

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

A mala e a espera (EC)




A mala e a espera (EC)


Ainda recorda o estampir da porta batendo, meio que socada, um susto breve, um ruído a azucrinar cada dia. Era a saída de Marçal, prometida de volta, sim, de volta.Depois que as Águas de abril baixassem e a lavoura pudesse ser retomada, o replantar da mandioca. Depois que se fossem as chuvas e a época do Açaí bom chegasse, atravessaria muitas sacas para a feira, ai ele voltaria.
Ah, voltaria sim, quando aquela leva de Malária se abrandasse, a febre e tremor se fosse, e chegasse à hora de pegar mais remédios lá na cidade, ai ele voltaria. O tempo dos Carapanãs é cíclico, o homem da Sucam viria de barco colocar DDT, depois, então ele voltaria.
Chegaria o tempo de chegar, o afastamento seria de volta também, ou então de temporada, de tempo como é o tempo das mangas, que caem sem trégua nos carros estacionados ou mesmo em movimento nas ruas de Belém, ou como o tempo das chuvas que andam mudando de hora. Seria assim, o tempo do regresso, como o tempo das águas enormes que alagam a Belém Antiga, transbordam o Ver- o- Peso, um tempo de muitas e revoltas águas.
O Marçal HAVERA de voltar, junto como os romeiros, para o Círio de Nazaré, trazendo patos, e outras iguarias para o almoço tradicional de domingo, e juntos acompanhariam a Santa na corda, agradecendo as boas safras, o reencontro. Agradecidos. Juntos. Como sempre fora.
Do Natal não passaria, de jeito nenhum. As crianças esperavam ansiosas pelos brinquedos comprados na Importadora, e gostavam de ver o Papai Noel chegar de helicóptero no Mangueirão, ou de barco mesmo, tanto fazia, o Noel vindo e ele voltando era o que bastava. Bastaria.
Ah, ela tinha sim esperanças, afinal era devota de Nossa Senhora de Fátima e ela nunca a abandonava, nunca, até quando o menorzinho teve aquela suspeita de Doença de Chagas, naquele tempo que o Açaí “disque tava” contaminado e também quando a do meio teve Leishmaniose e tudo foi curado pela virgem. Graças, por isso ela não perderia as esperanças. Não mesmo. Mulher de fé era assim.
O parto do terceiro, lá na floresta, foi difícil e então se pegou com a Santa e a parteira, que chegou no lombo do cavalo, inda teve tempo de puchar a barriga e pegar a criança que tava emborcada. Sem contar a mais esmirradinha a segunda menina, ah essa nasceu no barco e foi Marçal quem pegou. Tudo com a graça de Deus. Que nunca falta, e não faltaria. Seria mesmo num janeiro, ou outubro, isso era apenas a marca do tempo na velha folhinha pregada na parede. Se mudasse de ano, teria uma nova, vinda lá da loja bacana da cidade. O tempo não deixaria de ser marcado, dia após dia com lápis das criança ou com uma fagulha de carvão do velho fogão de pedra. Não importava. O bom mesmo era no fim da noite, depois da novela assistida graças à parabólica que Marçal orgulhoso comprou, e depois que a molecada toda já estava nas suas redes, se aquietando, Maria de Fátima ia lá para a beira da varandinha de madeira que dava de frente para o rio, atava a sua redinha com mosquiteiro e ficava lá matutando... e o pensamento não desgrudava da feição de Marçal, da pele morena rachada de sol, dos braços fortes traçados pela dureza da vida, da mão áspera pelos seus longos cabelos negros e que ao pegar lhe a costa a fazia flutuar... tudo seria possível sim, quando ele chegasse.
Em muito, muito o calendário antigo amarelou, outro veio, e mais um, mais outro. E mais um dia, e menos um esperar. E mais um danar de faltar. E mais escondido das crianças chorar. O tempo, o senhor das horas se fez presente, e não se fez de rogado. Relutante, Maria arrumou uma pequena mala a qual nem sabia para que, atinou de reunir os pertences de Marçal, assim achava que retirando da casa aquelas visões, retiraria um pouco o que no peito a dilacerava. Cada pertence juntado mereceu uma lágrima, era como um lacre imposto pela solidão da falta. Da falta de tudo, do seu moreno, do cheiro do cigarro de palha a boca da noite. Da falta de uma simples e qualquer explicação.
A mala ali estava pronta. Num canto junto às saudades...
Mas a mais significativa, que ficara pronta o tempo todo e lá se iam muitas folhinhas riscadas, era a mala dos sonhos, na qual depositara todas as expectativas, esperanças e fé de que ele voltaria sim. Ele voltaria.
Haveria de voltar.
Voltaria.





Elucidário:

Malária - Doença infecciosa, endêmica em várias regiões, muito comum no Norte do país.

Carapanã - Denominação de mosquito/pernilongo na região Norte.

DDT - Pesticida usado no combate a Malária.

SUCAM - A Sucam foi incorporada em 1990 à Fundação Nacional de Saúde (Funasa). Era chamada de “o Exército de mata mosquitos”.


Belém Antiga - Bairro chamado Cidade Velha, onde estão as antigas construções da riquíssima época da borracha, e belos prédios com a assinatura de Antônio José Landi, arquiteto italiano com marcante atuação na Amazônia.



Romeiros - Como chamam as pessoas que chegam dos interiores de todo o Pará para “Passar o Círio”.


Corda - Corda do Círio, tradição antiga onde se acumulam pessoas num esforço sobre humano sempre na intenção de pagar uma promessa. Um dos ícones do Círio de Nazaré.


Mangueirão - O Estádio de Futebol mais famoso de Belém, hoje um Complexo Poli-esportivo, com pista Olímpica Oficial para Atletismo, rebatizado como Estádio Olímpico do Pará.

Disque - Expressão popular que significa algo como “dizem por ai”. Nada que se afirme.




Puxar a barriga - Uma tradição entre as parteiras, que intenciona “colocar o bebê na posição ideal para o parto”.



Rede - A rede de descanso (ou rede de dormir) é um utensílio doméstico de origem indígena, que originalmente era feita com cipó e lianas. Chamadas de hamaka. Consiste numa espécie de tecido com alças. Durante o Brasil colônia era muito utilizada para dormir, enterrar os mortos no meio rural e como meio de transporte, onde os escravos carregavam os colonos em passeios pela cidade e até em viagens.


Mosquiteiro – Cortinado de fino tecido usado para proteger dos mosquitos, complemento da rede.


Havera – usada apenas verbalmente, sem registro oficial, significa uma afirmação popular cujo sentido é a certeza. Pode em alguns textos ser substituindo por “Existir ou haver”.





Este texto faz parte do Exercício Criativo - De Malas Prontas.
Saiba mais, conheça os outros textos: http://encantodasletras.50webs.com/malas.htm

domingo, 15 de novembro de 2009

Entrego.............................




Entrego

Ao teu sorver, gineceu...
Ao teu tocar cálice e sépalas
Atrativo aroma da flor...

Nas mãos.........................



Nas mãos

Tomando em assalto
Meu corpo em regalo
Lêem minhas entrelinhas...

Decifro-te.....................




Decifro-te

Nos lábios que torturam
Macios e encarnados
Suculentos descaminhos...

Tez................




Tez

Raridade do bronze
Luzida em suores
Exalando do amor o néctar, o odor...

Olho-te.....


Olho-te

Em detalhes
Preciosas minúcias
Do que pode o olhar sorver...

Deliro...viajo...entrego... ( SENSUALTRIX)





Deliro

Tua flagrante arma
A sanar meus tremores
A invadir...



Viajo

Meu cálido sabor
Embriagador
No teu paladar...


Entrego

Pétalas da flor
Perfume a convidar
Mãos a decifrar...

Quero..anseio...desejo..... ( SENSUALTRIX)




Quero

A tua urgência
Compatível
Com minha febre de ti...


Anseio

Tua presença
Teu corpo
Meus devaneios


Desejo

Fortemente
A volúpia
O Gozo do teu beijo...

No ato ( I ) - Rol de SENSUALTRIX





No ato

Desato, desfaço
Nós e laços
Nua, sou tua...


Tremulo

Inteira em ti
Êxtase e regaço
Inúmeros repetir...


Plenamente

Ter-te em abandono
Partilhando das entranhas
Descoberta infinita...


Ao fim

Recomeço
Descanso e aconchego
Peito e abrigo...

Meu ser





Meu ser

Enfermo de desejos
Quer urgente, o teu.
A cura...

Meus Rios




Meus rios

Revoltos
Pedem teus afluentes
Neles desaguar...

Meu céu




Meu céu

Sem cor
Sem ti,
Aprisionado...

Meu mar





Meu mar

Sem ti
Nem verde,
Nem azular...

Meus dias, minhas noites....



Meus dias

Sem ti
Cinzentos
Urgem de ti para dourar...


Minhas noites

Vazias
Sem ti sombrias
Quer de ti o luar...

Minhas trilhas...meus caminhos...meus rumos...meu destino




Minhas trilhas...

Não transpostas
Esperam,
Tuas respostas...


Meus rumos

Por ti não cruzados
Pedem afoitos,
Teus pés...


Meus caminhos


Não percorridos
Por teus carinhos
Querem por ti ser seguidos...


Meu destino

Ausente do teu
Quer a transposição,
O entrelaçar...

o Ato III





O ato (III)

Cabal e uno,
Em tempo e lugar
Sintonia e êxtase...

A mulher




A mulher

Plena e subserviente,
Intencionalmente ousa
Propõe-se ao inteiro, quer(o)...

O homem



O homem

Viril e amante
Desvendando-me,
Arfante, eu, delirante...

Dezembro vindo.....

Daisypath Anniversary tickers
Monarch Butterfly 2

Escrevo para.........

Quando escrevo exorcizo fantasmas, é meio abstração e também minha realidade se despindo.Sou eu me confessando a mi mesma.

Um Poetrix ...verdinho......


Escrevo para....

Escrevo para por no mundo pequenas ânsias, escrevo para aportar desejos aflitos, escrevo para me salvar, é como Jogar as âncoras, o barco ora vai ao sabor das ondas, ora é a deriva....
Escrevo para acariciar as suas almas,e ser tocada por seus olhos impressos de brilho!
escrevo para Gozar,Flutuar, ser e merecer, Escrevo para seus delírios, seu deliciar!
Escrevo para vocês,
Agradeço seus olhos em mim, na minha ruptura poética!
Escrevo!

Muito grata por me sorverem as letras!
A todos que aqui passarem seus olhos, mentes e corações!
Rose

Sobrepondo Sonhos.....