Eu, página vazia
Ando meio assim: Página vazia...
Alva de letras,
Branca de inspiração,
Transparente de afetos,
Visivelmente vaga,
Veementemente vazia.
Hoje como ontem igual à antes de ontem,
Sou Página sem versos,
Um interregno de emoção.
Vacância plena no coração.
Essa página é minha.
Essa página sou eu.
Plenamente.
Nada que possa vedar,
Lacuna que se deixa escapar,
Tempo de alvejado pensar,
De só refletir,
Nada na página atirar,
Qual uma caneta, seca, sem riscar.
Esse é o tempo do vagar,
Do vago,
Vazio, esvaziar.
Tempo de nada escrever, dizer, declarar.
Sou esse branco, ausente pensar.
A página dos dias, do decorrer das horas,
Do tempo que silencia o imaginar...
Alvos dedos, branqueamento do raciocinar,
Alva tela, cal no papel, neve do idealizar.
Alva sou eu, de tudo e de cada coisa,
De amor e de cada amar. Página seca de rimas,
Velada de afetos.
Eu.
Pálida...
Descorada...
Lacuna,
Assim...
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