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quarta-feira, 20 de maio de 2009

Encarcerada pela liberdade


Encarcerada pela liberdade


Veste-se apressadamente.

Entre aquele misto de ansiedade e aflição, nada faz muito sentido, são confusos os sentimentos, as idéias embotadas...
Como entender? Como se assegurar de que aquela seria última vez?De fato, quem asseguraria?
Havia alguns anos desde a primeira vez, foram sucessivas repetições, no entanto a mesma sensação a cada repetido acontecimento.
Quando duvidosa, mas imbuída de coragem aceitara aquela proposta e não previra, sequer supunha que para sempre estaria presa, prisioneira da própria decisão.

Sua alma sangrava, vivia sob a égide da humilhação, cedera o lugar da alegria para tristeza, desconforto, falta de decência, constrangimento, as noites inteiras sem dormir açoitada por tremores, suores e pesadelos, tudo por uma troca, que lhe livrara da prisão. Mas e agora, não seria mais prisioneira do que as detentas daquela carceragem feminina de onde escapara?E a pena, a sua parecia infindável. Nunca terminaria?

Enquanto recolhia seus pertences espalhados naquele funesto lugar, sentia-se aviltada em seus direitos. Nunca se alforriaria?

Sai como que desesperada. Pelas vielas escuras tem medo...
Trôpega, ao dobrar a primeira esquina tudo se repete: as náuseas insuportáveis, tonteiras e um jorro repentino. É sempre assim. Tentando colocar para fora o asco que sente de si mesma. Cambaleante com a vista nublada, olhos embaçados chama um táxi. Chega em casa, as crianças alegres gritam: “ Mãe, chegou a minha mãe!” Em pranto habitual nada responde, corre ao banheiro e ao banhar-se pretende lavar o que a água jamais lavará: Sua vergonha, vexação, sofrimento, medo... Tudo que vive e que avilta sua dignidade.

Ainda molhada envolta apenas na toalha, tomada de um convulsivo pranto, molhada das lágrimas que não cessam, vai à cozinha. O armário...
Abre.
Lá avista o que suponha ser a sua única redenção...
As crianças, mudas a acompanham, lançando olhares entre inocentes e indagadores...


Tamanha desonra não permitiu sequer uma carta.


Indagações restam apenas indagações...

Um comentário:

Jorge Sader Filho disse...

Duro. Duríssimo! É o primeiro que leio tão despudoradamente cruel, escrito pela Rose. Mas é uma história de vida pra lá de bem contada.
Beijos.

Dezembro vindo.....

Daisypath Anniversary tickers
Monarch Butterfly 2

Escrevo para.........

Quando escrevo exorcizo fantasmas, é meio abstração e também minha realidade se despindo.Sou eu me confessando a mi mesma.

Um Poetrix ...verdinho......


Escrevo para....

Escrevo para por no mundo pequenas ânsias, escrevo para aportar desejos aflitos, escrevo para me salvar, é como Jogar as âncoras, o barco ora vai ao sabor das ondas, ora é a deriva....
Escrevo para acariciar as suas almas,e ser tocada por seus olhos impressos de brilho!
escrevo para Gozar,Flutuar, ser e merecer, Escrevo para seus delírios, seu deliciar!
Escrevo para vocês,
Agradeço seus olhos em mim, na minha ruptura poética!
Escrevo!

Muito grata por me sorverem as letras!
A todos que aqui passarem seus olhos, mentes e corações!
Rose

Sobrepondo Sonhos.....